Imperial College of London e Centro Médico Erasmus da Holanda também assinaram artigo.
Pesquisa é a primeira a analisar impacto da medida na saúde infantil em um país em desenvolvimento.
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 31/05/2019, data escolhida como o Dia Mundial sem Tabaco, registram que medidas restritivas ao cigarro no Brasil evitaram a morte de 15 mil crianças entre 2000 e 2016.
Este é o primeiro estudo que analisou o impacto da medida na saúde infantil brasileira e em um país em desenvolvimento. O artigo é assinado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), e por cientistas do Imperial College of London e do Centro Médico Erasmus da Holanda.
Os autores reforçam a necessidade de a medida ser adotada por outros países – apenas 20% da população mundial está protegida por medidas públicas de controle ao fumo. Ainda no útero, a exposição do bebê às substâncias do cigarro pode causar problemas de desenvolvimento, um parto prematuro ou um nascimento com peso abaixo da média.
Os bebês também são afetados após o parto, com um maior risco de infecções respiratórias, asma e morte súbita. Para chegar aos resultados do estudo, os pesquisadores analisaram dados de todos os nascidos vivos, óbitos infantis e mortes neonatais no Brasil entre 2000 e 2016.
A mudança mais drástica na legislação brasileira ocorreu em 2014, com a proibição do cigarro em áreas públicas parcialmente ou completamente fechadas, incluindo bares e restaurantes. A medida, segundo o estudo, reduziu em 5,2% a mortalidade infantil no país e em 3,4% a neonatal.
Os cientistas também analisaram os impactos de outras medidas menos drásticas aplicadas antes de 2014 no Brasil. Em anos anteriores, 17 estados aprovaram medidas parciais – como a criação de espaços separados para fumantes em estabelecimentos e casas noturnas.
Essas mudanças, de acordo com a pesquisa, ajudaram a ter uma redução de 3,3% na mortalidade infantil, mas nenhuma mudança significativa na neonatal.