Prevenção Moderna

Fatores de risco modificáveis na Infância e Adolescência para o não uso de drogas: a Prevenção Moderna

Com qual idade de nossas crianças e/ou adolescentes devemos nos preocupar com a prevenção do uso de drogas? Devemos começar a nos preocupar com a prevenção enquanto nossos filhos são pequenos ou quando estão entrando na adolescência?

Na verdade, a prevenção deve ser motivo de preocupação antes mesmo do nascimento da criança – antes mesmo da gestação! Porque depois que o uso de substâncias se instala, vamos ter que correr atrás dos prejuízos o tempo todo; isso quando esse uso não se transformar em um transtorno por uso de substâncias, o que pode levar a consequências irreversíveis, incapacitantes e até à morte.

Para falar sobre isso e sobre os “Fatores de risco modificáveis na infância e adolescência para o não uso de drogas: a prevenção moderna”, o 7º Congresso Internacional Freemind 2022, em parceria com a ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas convidaram a Dra. Ana Cecília Marques, médica psiquiatra, ex-presidente e hoje membro do Conselho consultivo da ABEAD.

Dra. Ana Cecília também é Coordenadora da Comissão de Psiquiatria das Adicções da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, Coordenadora Técnica do Projeto PERISCÓPIO Tarumã (SP) e professora afiliada da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Veja um pouco do que ela falou aos congressistas  e depois assista a palestra na íntegra no YouTube do Freemind em português ou em inglês. Também é possível fazer o download de sua apresentação no site do Freemind, na aba Congresso 2022.

A Dra. Ana Cecília nos lembra que risco existe em todas as fases do desenvolvimento. Houve uma época em que a prevenção do uso de drogas se limitava a folhetos impressos que alertavam os jovens sobre o perigo que elas causavam, com pouco ou nenhum impacto sobre o comportamento destes. Hoje em dia, a ciência nos permite contar uma história diferente.

Baseadas em evidências científicas, as estratégias de prevenção trabalhadas com famílias, escolas e comunidades podem garantir que crianças e jovens cresçam e permaneçam saudáveis e seguros até chegarem à vida adulta e à velhice.

A gravidez e a maternidade são períodos de grandes e às vezes estressantes mudanças que podem fazer com que mulheres grávidas se tornem mais suscetíveis a tratar a dependência. Como o abuso de substâncias durante a gravidez é perigoso para a mãe e para o feto, o tratamento de mulheres grávidas deve ser prioridade e deve seguir rigorosas orientações clínicas baseadas em evidências científicas.

Mas precisamos, como diz a Dra. Ana Cecília, de uma prevenção moderna: não adianta querermos trazer modelos importados; nós temos uma criatividade conhecida no mundo inteiro aqui no Brasil e estamos cada vez mais criativos e mais fundamentados para construir as nossas intervenções e tudo que a gente precisa para a prevenção.

Então, planejar a gestação passa por um atendimento no Sistema Único de Saúde – SUS, na atenção básica, para a gestante receber orientação adequada e isso é prevenção baseada em evidências, com a nossa cara: atenção primária, grupo de planejamento familiar…

A mulher contribui muito para o aumento dos fatores de risco para o uso de substâncias, já que é ela quem recebe o maior impacto, impactando a criança que está sendo gestada e também a família inteira. Se não cuidarmos primeiro da mulher, se não dermos a ela as ferramentas corretas para modificar esse fator de risco, ela ficará doente, não poderá cuidar da criança, que ficará na responsabilidade da avó, por exemplo e por aí vai: o impacto é enorme!

Então antes mesmo do nascimento e até o idoso, os fatores de risco existem e é muito importante saber que podemos mudar esse impacto a qualquer momento, bastando para isso, que tenhamos uma visão de prevenção que vai muito além de tudo o que a ciência já estudou.

A ciência da prevenção tem uma história e já passamos por vários modelos, mas precisamos ter a esperança e coragem de pensar novos modelos.

Fatores de risco na adolescência todo mundo já ouviu falar: o poder do grupo, a família que já perdeu o limite em relação ao jovem porque não acompanha a era digital… a adolescência é um dos momentos mais maravilhosos da nossa vida – é um momento em que temos mais saúde e também em que estamos mais expostos a riscos imponderáveis.

Não dá mais para tentar treinar adolescente para ele ser modelo de adolescente saudável, quando, hoje em dia por exemplo, ele está comprando 5 tipos de Vaping – um de cada cor.

Não! O que fazer, então?

 Prevenção precisa começar em casa! Começar com a família, para proteger a criança – é um direito da criança que não decide nada ainda e que depende 100% dos adultos, seja a mãe, o pai ou avó – isso é prevenção!

E é difícil fazer prevenção, porque em geral, quando se dá conta a família já está correndo atrás do prejuízo e porque as crianças já têm fatores de risco antes dos 3 anos. Então, precisamos chamar o pai e a mãe para entender esses fatores de risco… não tem saída! Os pais são os melhores agentes de proteção!

Então, o foco de uma prevenção moderna deve estar em detectar aquele que sofre em qualquer momento do seu desenvolvimento e os pais são os responsáveis para que esse desenvolvimento se dê com o menor risco possível.

Precisamos empoderar a família. Ajudar essa família a lidar com as faltas é a prevenção moderna.  E como faremos isso? Com orientação parental, tratamento precoce, novas políticas, intervenção psicossocial, entre outras coisas.

Prevenção Moderna e os fatores de risco individuais modificáveis

 

Prevenção Moderna e os fatores de risco socioambientais modificáveis

Um Modelo de Prevenção Moderna pode ser construído a qualquer tempo, e mudar o destino… A Prevenção funciona, mas é preciso sonhar em grupo!