O álcool é a droga mais utilizada entre os adolescentes e é um importante fator de risco para a adoção de outras condutas de risco a saúde. O ato de beber ajuda na socialização e na aceitação dos adolescentes em um grupo, diminui a timidez e a insegurança, facilitando contatos sociais e afetivos, além disso, tem sido associado com o início precoce das atividades sexuais.
O uso/abuso do álcool se apresenta como um dos principais responsáveis pelo envolvimento nas práticas sexuais inseguras pelos adolescentes como: múltiplos parceiros sexuais, parceiro casual, não uso do preservativo, prostituição, resultando consequentemente, em maior exposição às doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.
A ligação entre sexo desprotegido e uso de álcool parece ser afetada pela quantidade de álcool consumida, interferindo na elaboração do juízo crítico. Quanto ao padrão de consumo, os adolescentes quando bebem, tendem a fazê-lo de forma excessiva. Embora o beber excessivo, episódico ou contínuo, antes ou durante o ato sexual esteja associado a maiores taxas de adoção de comportamento sexual de risco, o beber moderado também tem demonstrado relação com a prática de sexo inseguro.
É relevante conhecer a relação entre consumo de álcool e práticas sexuais inseguras pelos adolescentes e suas consequências para a implementação de políticas públicas de prevenção e combate ao consumo de bebidas alcoólicas nesta fase de crescimento e desenvolvimento.
Um estudo para verificar a associação entre consumo de álcool e comportamento sexual entre adolescentes escolares do ensino médio da rede pública estadual de Olinda/PE foi realizado em abril de 2014 com a participação de 171 adolescentes escolares de ambos os gêneros, na faixa etária entre 13 a 19 anos.
Alguns resultados deste estudo são:
- 55% dos investigados fizeram uso de bebida alcoólica durante a vida e 27,5% no mês anterior ao estudo;
- 33,9% (um terço) dos estudantes informou que possuíam menos de 13 anos quando consumiram álcool pela primeira vez – Esse é um fato preocupante, pois antecipa riscos graves à saúde como a iniciação ao uso de outras drogas, que normalmente, acontece pelo consumo de álcool;
- O uso de bebida alcoólica de forma excessiva no último mês antes do estudo foi relatado por 19,3% dos estudantes. Além disso, o consumo excessivo de bebida alcoólica antes ou durante o ato sexual pode ser associado ao não uso do preservativo, múltiplos parceiros sexuais, parceiro casual, relação sexual com profissionais do sexo e uso de drogas injetáveis;
- Em relação ao comportamento sexual observou-se que quase a metade dos adolescentes investigados (45,6%) já haviam tido relacionamento sexual. A maioria dos participantes não apresentou envolvimento em condutas sexuais de risco, tais como: uso de bebidas alcoólicas antes da relação e não uso do preservativo na última relação. Entretanto, foi encontrada associação entre o consumo de bebida alcoólica nos últimos 30 dias e já ter tido relação sexual. Esse comportamento pode estar relacionado ao fato de que o álcool exerce um papel encorajador, facilitando os contatos afetivos entre os adolescentes;
- A idade de experimentação de bebida alcoólica e a idade da primeira relação sexual foram significativamente associadas. É possível que essa associação seja decorrente do efeito desinibitório do álcool que facilita a relação sexual precoce. Credita-se também, essa associação à crença dos adolescentes de que o uso do álcool torna a “paquera” mais fácil, aumenta a libido e melhora o desempenho na relação sexual.
- O consumo de álcool interfere no juízo crítico do adolescente, o que dificulta a negociação e, consequentemente, o uso do preservativo nas relações sexuais.Há extrema relevância no conhecimento das inter-relações entre o consumo de bebida alcoólica e comportamento sexual dos adolescentes, visto que os jovens têm sido identificados como importante grupo populacional em termos de risco epidemiológico para doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, as consequências negativas relativas ao uso abusivo do álcool constituem um grave problema de saúde pública.
Portanto, os resultados encontrados sugerem a necessidade de que as campanhas de prevenção revejam suas estratégias de abordagem, enfocando os comportamentos de risco à saúde, principalmente em relação à adoção de medidas educativas para relações sexuais saudáveis. Além disso, uma alternativa para minimizar essa problemática do consumo abusivo de álcool pelos adolescentes seria tentar envolvê-los em atividades mais saudáveis, como a prática de atividades esportivas.Leia o estudo na íntegra em: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=668