No Brasil, a cada dez pessoas que começam a beber antes dos 15 anos,
seis fazem isso em festas ou por influência dos amigos. Esse dado faz parte de uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com 10.000 estudantes entre 13 e 17 anos.
Ainda segundo a pesquisa, um a cada quatro entrevistados dessa faixa etária já sabia o que era ficar bêbado. Levando em conta este cenário, a Prefeitura de São Paulo lançou uma campanha para alertar sobre os riscos de quem começa a beber precocemente. A ideia da campanha não é apenas alertar os jovens, mas também seus pais, que são altamente vulneráveis à influência dos filhos.
Em entrevista dada ao Band News, a psicóloga da UNIFESP, Maria de Fátima Rato Padim, fala sobre a questão dos adolescentes e a bebida e quais as responsabilidades dos pais, escolas, estabelecimentos e governo em relação ao tema.
Dra. Maria de Fátima chama de “ações criminosas” o que os pais fazem com os filhos quando permitem que os mesmos bebam dentro de casa (para evitar que bebam longe, onde os pais não podem intervir). Ela lembra que oferecer bebidas alcoólicas a menores de 18 anos é uma ação ilegal.
A formação do cérebro de adolescente só se completa aos 21 anos e, por isso, o impacto do uso de substâncias antes dessa idade tem um impacto devastador no desenvolvimento cerebral além do fato de que, nesta idade, o jovem ainda não tem desenvolvido o controle inibitório que o impede ou que o leva a avaliar o “beber”: eleja bebe com o objetivo de se embriagar, o que é muito grave.
O adolescente procura experimentar sensações novas e é função dos pais dizer “Não”. Não podemos permitir que os adolescentes bebam em nossas casas e nem permitir que saiam para lugares onde possam ficar embriagados!
Questionada se o hábito de beber apenas aos finais de semana configura que este jovem pode se tornar um alcoólico, a doutora fala que o “padrão de beber” de um jovem é diferente do de um adulto: o jovem bebe por binge (uma grande quantidade num espaço curto de tempo), o que faz com que os efeitos agudos do álcool sejam bastante impactantes, podendo levar ao coma alcoólico, à violência, à acidentes, ao não uso de preservativos em relações sexuais e ao blackout, entre outros.
O LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas) de 2016 aponta que não são todos os jovens que bebem, mas os que bebem, bebem muito. Além disso, mostra que o consumo entre meninas é alto, o que é um problema grande, uma vez que as mulheres têm uma menor tolerância ao álcool, em decorrência da maior quantidade de tecido adiposo.
Objetivamente, Dra. Maria de Fátima é enfática ao afirmar: “É gravíssimo beber aos finais de semana (ou em qualquer outro dia) com um cérebro que não está organizado. É gravíssimo os pais ofertarem e validarem isso. O jovem não pode beber nenhuma quantidade de álcool, porque o impacto disso é devastador, já que está num momento de maturação cerebral. É importante também ressaltar as diferenças individuais entre meninos e meninas, já que as meninas têm maior vulnerabilidade que os meninos”.
Dra. Maria de Fátima também aborda outros assuntos importantes e interessantes. Você pode conferir a entrevista na integra:
https://bandnewstv.band.uol.com.br/videos/16673909/16673923/os-riscos-de-comecar-a-beber-precocemente?fbclid=IwAR04_fYslhG_iTAu7GlOTSwGlErSz5bgaOvYcgFJgJTmiF0zLyRLx5fidFE