Com o objetivo de sugerir atitudes que podem ser adotadas na educação
dos filhos para que, mais tarde, eles tenham poucas chances de virem a abusar de álcool, cigarros e outras drogas, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas lançou uma cartilha dirigida a pais de crianças, já que os pais têm uma influência fundamental no desenvolvimento de comportamentos, emoções e habilidades, seja através do próprio exemplo, seja por serem capazes de propiciar experiências positivas e minimizar algumas experiências negativas impossíveis de serem evitadas.
O conteúdo foi dividido em três eixos. Conversa, Cuidado e Cidadania. sta matéria aborda o eixo: CUIDADO.
Educando seus filhos para uma vida plena
Por mais que você acerte nas conversas, nada substituirá uma educação e convivência familiar na qual seus filhos se sintam amados, valorizados e respeitados. Filhos seguros de si mesmos e que se sentem parte importante do coletivo familiar terão maiores chances de não se fascinar pelo consumo de drogas e de ter maior tranquilidade em lidar com a pressão de amigos.
Demonstre amor
Embora o amor que os pais tenham pelos próprios filhos seja inquestionável e óbvio para eles mesmos, nem sempre é percebido com a mesma clareza pelos filhos, principalmente aqueles mais frágeis emocionalmente, ou os mais rebeldes, alvos de constante broncas.
Pais devem dar provas de amor através de gestos (abraços, carinho), palavras (filhote, eu te adoro muito) e de sua presença (física e emocional) na vida de seu filho.
Expressando Amor
Quando seu filho fizer alguma coisa errada, que necessita bronca, tente centrar sua reprovação e irritação no comportamento do seu filho e não na pessoa dele. Ou seja, procure transmitir a seu filho que você não gosta do que ele fez, mas que você ainda o ama muito.
Algumas crianças pequenas, quando contrariadas, dizem que vão morar em outro lugar, que vão fugir de casa. Às vezes, chegam ao ponto de arrumar uma sacolinha, com seu ursinho e sua roupa preferida. Muitos pais acham que a maneira mais efetiva de responder a essa “birra” é ignorar o gesto, deixando a criança perceber que ela não pode ir embora, é vulnerável e depende dos pais (para onde vou? como?).
Uma experiência como essa pode ser muito humilhante. Uma forma mais adequada de reagir seria pedir para a criança não ir embora, dizer que sentiria muitas saudades, e aí sim, deixar a criança perceber que ainda não tem mesmo autonomia para sair de casa.
Evite comentários do tipo: “se eu não tivesse criança pequena eu poderia trabalhar” ou “não vejo a hora do meu filho crescer”, “queria que você fosse bonzinho que nem o Jorginho, que mora ao lado”. Esse tipo de afirmação transmite rejeição a um filho que tanto amamos, pois ele se vê comparado com algo que parece ser melhor e que ele não pode ser, ou seja, tornar-se mais velho de repente ou ser o filho da vizinha e não ele mesmo.
Expressar amor não significa atender todos os pedidos do filho. Muitos pais, com medo de perder o afeto dos filhos, compram tudo o que ele pede ou deixam que ele decida sempre o que fazer, mesmo que isso seja inconveniente para o bem-estar da família. Mostrar à criança que “ela não pode tudo”, não pode ter tudo e que é capaz de suportar as frustrações é também uma forma de desenvolver a autoestima e a capacidade de fazer escolhas mais adequadas.
Incentive a independência
Criança precisa de limite e regras claras, mas também precisa de pequenas oportunidades nas quais possa aprender a tomar decisões. A sensação de autonomia e de capacidade de escolher é um evento muito positivo, num ser humano ainda tão dependente dos outros.
Essa capacidade de tomar decisões será muito útil mais tarde, quando escolhas realmente importantes terão que ser feitas e a possibilidade de monitoramento dos pais será bem menor.
Ajude seu filho ter autoestima
Nem todos nós, adultos, tivemos a oportunidade de sentir que a gente “valia a pena”, era alguém digno de ser amado pelos outros. Esse sentimento de baixa autoestima, de incerteza do próprio valor como pessoa, pode vir a implicar numa constante insegurança, numa tendência de querer agradar o outro além do limite razoável para merecer amor e atenção.
No mundo de nossos filhos, essa necessidade de agradar o outro para se sentir aceito pode ser um fator importante para o início e até a manutenção do uso de drogas, cigarros e álcool.
Gostar de si mesmo, ter autoestima, não tem nada a ver com narcisismo ou egoísmo. É somente aquele sentimento de tranquilidade interior e saber que somos dignos de amor, de carinho, e amizade, mesmo que nem sempre a gente se comporte da maneira como os outros gostariam.
Esse sentimento de tranquilidade não é uma dádiva, mas fruto de experiências precoces, de atribuições de papéis na infância, embora nem sempre de modo explícito.
Seja um bom modelo na vida de seu filho
No melhor dos mundos, nós, adultos, seríamos felizes e equilibrados, saberíamos perdoar e poderíamos sempre oferecer amor e segurança para quem depende de nós. Nunca abusaríamos de bebidas, nunca fumaríamos ou tomaríamos calmantes exageradamente.
Na vida real, nós estamos lutando para melhorar, tentando lidar com nossas experiências passadas e estamos longe de ser perfeitos.
De uma maneira ou de outra, os adultos mais importantes na vida de uma criança, seus pais, são modelos de referência para ela. Desde pequenos, eles estão observando e aprendendo nosso comportamento, em todos os seus aspectos. Na medida em que nos tornamos pai ou mãe, os erros cometidos não vão atingir somente aquele que o comete, mas também os filhos.
Prevenir o uso de drogas e promover autoestima de nossas crianças é também lutar para ser uma pessoa melhor, sem deixar de aceitar e amar a pessoa que se é agora, com as limitações que ainda não se conseguiu superar. Nossos filhos vão perceber a sinceridade e o esforço da nossa tentativa de melhorar e vão se beneficiar enormemente quando alcançarmos pequenas vitórias: parar de fumar, não exagerar na bebida, parar de gritar com o marido (ou esposa), organizar melhor o tempo.