Fumo e diabetes aumentam mais o risco de infarto em mulheres

O cigarro é uma das drogas que mais viciam, sendo responsável pelo risco de, ao menos, 50 doenças diferentes. Só um cigarro por dia aumenta a chance de infarto em 30%. Porém, um estudo realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, revelou que essa incidência pode ser maior ainda em mulheres.

A pesquisa alega que mulheres fumantes que sofrem também de diabetes ou hipertensão correm mais risco de ter um ataque cardíaco do que homens nas mesmas condições.

O infarto agudo do miocárdio ou infarto do miocárdio, mais conhecido também como ataque cardíaco, acontece quando parte do fluxo sanguíneo do coração sofre uma intensa e súbita interrupção, ocasionando a morte das células do miocárdio (o músculo cardíaco). No mundo ocidental, essa doença é uma das principais causas de mortes. Usualmente, os homens são três vezes mais propensos do que as mulheres a sofrerem um ataque cardíaco.

Porém, a pesquisa mostra que os fatores de risco (diabetes e hipertensão), acabam tendo um impacto maior sobre as mulheres. O estudo monitorou cerca de 500 mil pessoas entre 40 e 69 anos cadastradas no banco de dados de saúde UK Biobank. Ao longo de sete anos, 5.081 participantes tiveram seu primeiro ataque cardíaco – e um em cada três eram mulheres. Para os homens, fumar dobra as chances de infarto, já para as mulheres, triplicam. A hipertensão, por sua vez, aumentou em 83% o risco nas mulheres, em relação a seu efeito nos homens.

O estudo também revela que o diabetes tipo 1 e tipo 2 teve um impacto maior sobre o risco de infarto em mulheres na comparação com os homens. Os pesquisadores dizem não saber por que esses fatores diferem de acordo com o sexo. Embora nenhuma conclusão possa ser tirada sobre causa e efeito, eles têm algumas teorias.

Os pesquisadores acreditam que fatores biológicos podem ajudar a explicar. Por exemplo, o diabetes tipo 2, que geralmente está associado a maus hábitos alimentares e a um certo estilo de vida, pode ter um impacto diferente no coração feminino em relação ao masculino. Para a principal autora do estudo, é algo complexo e que acontece a longo prazo, por uma série de fatores biológicos e sociais.

Em artigo publicado na revista científica BMJ, os pesquisadores alertam que as mulheres muitas vezes não percebem que correm o risco de desenvolver doenças cardíacas, e sugerem que elas podem não estar recebendo o atendimento e tratamento adequados. Segundo os autores, elas deveriam ter acesso aos mesmos tratamentos dos homens e receber, por exemplo, apoio para parar de fumar. Além disso, os médicos também deveriam ser mais eficientes em identificar o risco em pacientes do sexo feminino.

Em um editorial publicado junto do estudo, os cientistas afirmam que os homens podem ser mais propensos a enfartar, mas a doença cardíaca é a que mais mata mulheres no Reino Unido.

Leia mais detalhes da pesquisa: https://vivabem.uol.com.br/noticias/bbc/2018/11/08/fumo-e-diabetes-aumentam-risco-de-infarto-mais-em-mulheres.htm