A família na contemporaneidade absorveu mudanças em sua dinâmica e deixou ausentes funções básicas como, por exemplo, as de tomar para si a responsabilidade na orientação de um filho. Encontra-se pressionada entre o que é ditado pela ciência e as exigências do mundo capitalista. Com isso, deixa de participar do cotidiano do indivíduo acolhendo-o e/ou orientando-o quanto aos valores precisos e consistentes necessários à sua formação.
A família tem papel fundamental na prevenção ao uso de drogas fazendo-se presente na vida de seus membros. Observações dos padrões comunicacionais e relacionais das famílias mostram que as pessoas que convivem com adictos e que lhes são significativas atuam com frequência complementando suas tendências a abusar dos demais, na medida que tendem a justificar sempre as suas condutas.
As famílias incorporam na sua dinâmica as imagens sociais dos adictos, que no nosso contexto são:
- Pessoa frágil, não responsável de sua situação – vítima;
- Pessoas que, quando crianças viviam num contexto de triangulação filho, mãe e pai porque o subsistema dos pais comumente rivalizava e se desqualificava;
- Pessoas que, quando adultos passam a viver num contexto de triangulação instituição, adicto e família;
- As mulheres ocupam majoritariamente o papel complementar na relação com o adicto, passando a super funcionar e serem responsabilizadas e/ou censuradas pelo que fazem ou deixam de fazer.
Para não haver abusos, a família deve ensinar aos filhos condutas de respeito e consideração a ter em conta o outro e a assumir responsabilidades individuais e coletivas por seus atos. O papel da família na gestão de condutas preventivas de abusos é fundamental e inclui:
- Não banalizar nem legitimar os maus tratos nas interações familiares;
- Não priorizar estruturas autoritárias de gênero que perpetuem circuitos abusivos;
- Ensinar os filhos a não “se anestesiarem” nem a negar a si mesmos;
- Ensinar os filhos a preverem os efeitos de suas ações;
- Ensinar os filhos a serem tolerantes e a não delegarem a outros a carga de suas responsabilidades;
- Promover a socialização adequada dos filhos;
- Estabelecer regras, limites e fronteiras intra e inter familiares;
- Rever os papéis maternos, vistos como naturais de super funcionamento e paternos, incluindo mais o pai no processo educativo;
- Ajudar a família a ver que a mãe não pode ser a única “full – time”, mas que o sistema compartilhado pai-mãe deve ser “part-time”;
- Compartilhar com maior interesse os interesses dos filhos.
Fonte: http://www.justica.pr.gov.br/arquivos/File/apostila_prevencao.pdf