Com o objetivo de sugerir atitudes que podem ser adotadas na educação dos
filhos para que, mais tarde, eles tenham poucas chances de virem a abusar de álcool, cigarros e outras drogas, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas lançou uma cartilha dirigida a pais de crianças.
Essa Publicação tem como base achados científicos de vários países e se apoia em duas premissas:
- A primeira é que as vivências da infância são extremamente poderosas para formar adolescentes e adultos seguros, com autoestima elevada e preparados para a vida em sociedade.
- A segunda é que os pais são, quase sempre, os adultos mais importantes na vida das crianças.
Por isso, os pais têm uma influência fundamental no desenvolvimento de comportamentos, emoções e habilidades, seja através do próprio exemplo, seja por serem capazes de propiciar experiências positivas e minimizar algumas experiências negativas impossíveis de serem evitadas.
O conteúdo foi dividido em três eixos. Conversa, Cuidado e Cidadania.
Esta matéria aborda o eixo: CONVERSA. Nas próximas semanas abordaremos os outros 2 eixos.
Alguns pais acham que educar os filhos sobre drogas tem que começar cedo: na hora do jantar, começam a falar com seus filhos de seis e nove anos de idade sobre os perigos da maconha, da cocaína e do crack. Momentos depois, os filhos estão entediados, inquietos, contando os minutos para a conversa acabar. Os pais, no entanto, sentem-se aliviados, com a consciência limpa de que cumpriram com seu dever. Passadas algumas horas, todos esqueceram o assunto. A iniciativa dos pais teve poucos efeitos.
O equívoco desses pais bem-intencionados não é a ideia de que a prevenção deve começar cedo e sim a falta de sintonia entre a conversa e a realidade imediata das crianças.
Como a questão do consumo de drogas ilegais é, salvo raras exceções, algo distante da realidade das crianças, é muito mais importante abordar os riscos de uso de substâncias químicas, mencionando produtos visíveis no cotidiano, como remédios, cigarros, produtos de limpeza e bebidas alcoólicas.
Remédios
Em geral, as crianças entendem bem o conceito de que as pessoas ingerem coisas que fazem bem e coisas que fazem mal ao seu corpo e à sua saúde. Elas sabem desde cedo que leite e frutas, por exemplo, são alimentos que podem ajudá-las a se tornar fortes e saudáveis e que qualquer coisa em excesso (mesmo coisas boas) pode levar algumas pessoas a se sentirem mal. São capazes também de entender que remédios são bons para as pessoas, desde que usados com critérios. Os pais podem começar a conversar sobre remédios com seus filhos desde muito cedo.
Cigarros
Adultos fumando é algo que quase toda a criança observa desde cedo. Ela percebe que esse é um hábito de pessoas de quem, muitas vezes, ela gosta e respeita e que, não raro, fazem parte de sua própria família.
O uso de cigarros está presente também em filmes, programas de TV e desenhos animados.
Da mesma forma como as crianças observam o uso de cigarro em muitos lugares, desde cedo ouvem dizer que cigarro faz mal, pode matar e, em geral, não gostam da fumaça ou do cheiro em ambientes fechados.
O uso de uma substância tão nociva e tão tolerada socialmente abre uma oportunidade natural de se conversar sobre o assunto.
Produtos industriais (limpeza, beleza, higiene pessoal)
É muito comum as crianças terem atração pelo cheiro e cor de produtos de limpeza, principalmente à base de solventes como benzina, álcool, thinner. O mesmo se aplica a alguns produtos de escritório, como corretivos (os “branquinhos”), produtos de beleza (esmalte e acetona, principalmente) e até de higiene pessoal (desodorantes, por exemplo).
Essa atração pode resultar em comportamentos bastante arriscados, como ingerir esses produtos, ou inalá-los. No caso de crianças mais novas, é fundamental que os pais guardem esses produtos fora do alcance e da vista dos seus filhos, para evitar casos de intoxicação.
Muitas vezes, no entanto, podemos observar nossos filhos atraídos pelo cheiro desses produtos, quase pressentindo que, se inalarem os mesmos, poderão sentir tontura e leveza, sensações prazerosas para algumas crianças (afinal, é em parte por isso que eles gostam do “gira-gira”). Essa atração é perfeitamente natural, similar ao fascínio por brincar com fósforos e isqueiros. Quando essas situações ocorrem, não perca a oportunidade de fazer algum comentário.
Álcool
Bebida alcoólica faz parte da vida em sociedade e a maioria das pessoas que bebem o fazem de modo moderado e em situações adequadas. Mas as crianças observam e aprendem desde cedo os usos sociais de bebidas alcoólicas, na televisão, no cinema, em restaurantes, em casa. Observam que as pessoas ficam mais relaxadas quando bebem, que podem ficar agressivas quando bebem demais.
É importante transmitir para seus filhos desde cedo quais são seus valores e regras quando o assunto é bebida. Deve-se também evitar deixar copos pela metade na sala, abrindo oportunidade para a criança beber. Poucos goles para uma criança pequena podem provocar intoxicação.
Tente sempre dar respostas francas e diretas quando conversar sobre bebidas alcoólicas.
Acesse a cartilha e veja sugestões de diálogos para se ter com os filhos em cada um desses casos: https://www.justica.gov.br/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/cartilhas-politicas-sobre-drogas/cartilhapaisadolescentes.pdf