Estabelecer limites é uma forma de cuidado

Você ama alguém que enfrenta a dependência de álcool ou outras drogas?

Saber como ajudar sem se perder nesse processo é um dos maiores desafios. Cuidar de quem amamos, quando essa pessoa está lidando com a dependência, pode ser desgastante e doloroso. Muitas vezes, queremos proteger, acolher, dar suporte. Mas e quando isso começa a machucar você? Estabelecer limites não significa abandono — é, na verdade, uma das formas mais sinceras de cuidado.

 Por que estabelecer limites é necessário?

A dependência não afeta apenas quem vive com ela. Ela impacta toda a família, os relacionamentos e o bem-estar emocional de quem está por perto. Com frequência, deixamos de estabelecer limites claros por medo, culpa ou pela esperança de que tudo volte a ser como era antes. No entanto, sem esses limites, você corre o risco de adoecer junto.

Limites servem para proteger sua saúde emocional, preservar sua dignidade e, muitas vezes, para mostrar ao outro que é hora de buscar ajuda.

 O que são limites saudáveis?

Limites são barreiras que você define para preservar o que é importante: seu equilíbrio, sua rotina, sua segurança. Eles não são ameaças ou imposições — são decisões conscientes sobre o que você está disposto a aceitar ou não.

Existem três tipos principais de limites: 

  1. Limites físicos:
    Estão relacionados ao espaço, à segurança e ao ambiente. Por exemplo: não permitir substâncias em casa ou decidir se afastar quando a pessoa está sob efeito delas.
  1. Limites emocionais:
    Protegem suas emoções. Envolvem reconhecer quando um comportamento está te afetando e saber dizer “não” sem culpa.
  1. Limites pessoais ou morais:
    Relacionam-se com seus valores e crenças. Envolvem decisões como não mentir para proteger a pessoa, não se omitir diante de atitudes perigosas, ou escolher se afastar para preservar sua saúde mental.

Exemplos de limites saudáveis incluem:

  • Dizer “não” ao empréstimo de dinheiro, carro ou casa.
  • Não se responsabilizar por compromissos que cabem ao outro.
  • Recusar-se a discutir com alguém alterado.
  • Não encobrir ou justificar comportamentos prejudiciais.
  • Estabelecer a necessidade de procurar ajuda como condição para o convívio próximo.

Esses limites não são formas de punição — são formas de proteção e incentivo à mudança.

 

Reflita sobre seus valores e necessidade e seja claro e respeitoso ao explicar

Antes de tudo, reflita sobre o que é importante para você. O que te faz bem? O que você não pode mais aceitar? A partir disso, comunique seus limites com firmeza e carinho. Diga, por exemplo: “Eu te amo, mas não posso continuar agindo como se tudo estivesse bem.”

 

Comunique as consequências da quebra de limites

Se houver quebra desses limites, mantenha as consequências previamente definidas. Isso pode envolver afastamento temporário, corte de apoio financeiro ou outras medidas de autopreservação.


Manter limites é um ato contínuo. Não volte atrás!

Estabelecer limites exige coragem. Manter esses limites exige constância. E tudo isso se torna mais possível quando você tem apoio. Procure grupos como Amor-Exigente, Al-Anon, converse com amigos confiáveis ou busque ajuda profissional. Você não está sozinho.


E se for necessário se afastar?

Em alguns casos, distanciar-se é o passo mais difícil — e o mais necessário. Quando sua saúde mental está sendo comprometida, é fundamental priorizar seu bem-estar. Isso não significa desistir da pessoa, mas cuidar de si para estar forte, caso ela decida buscar ajuda.


A decisão final é dela, mas o cuidado começa por você

Você pode oferecer amor, apoio e segurança. Mas a recuperação é uma escolha individual. Às vezes, é justamente ao estabelecer limites firmes e amorosos que você acende a luz que essa pessoa precisa para perceber que é hora de mudar.