Esquizofrenia e maconha – Existe relação?

A esquizofrenia, uma doença mental rara, mas grave, prejudica a maneira como você pensa, toma decisões e lida com as emoções. Não há uma causa única da condição já que é uma doença complicada que envolve muitos fatores. Mas, a genética, o uso de drogas (como maconha) e os períodos pré e pós-nascimento sempre desempenham um papel.

Para falar sobre “O uso de cannabis e a esquizofrenia”, o 7º Congresso Internacional Freemind trará a Dra. Alessandra Diehl, Psiquiatra e atual Presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas – ABEAD.

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Uma relação estabelecida

Uma análise de vários estudos descobriu que a maconha, também chamada de cannabis, é uma das substâncias mais comumente abusadas entre pessoas com esquizofrenia. Os jovens com a condição, em particular, podem abusar com mais frequência do que abusam de álcool.

Os pesquisadores ficaram intrigados com o que essa ligação significa e alguns dizem que as pessoas com esquizofrenia podem ser mais propensas a usar a droga porque estão procurando maneiras de aliviar seus sintomas. Mas, é improvável que a automedicação por si só possa explicar a relação entre o uso de maconha e a esquizofrenia.

 

A maconha e a esquizofrenia

Uma coisa que a maconha e a esquizofrenia têm em comum é a psicose que não é uma doença mental, mas um sintoma.

Quando você tem a psicose como sintoma de esquizofrenia, seus pensamentos são interrompidos de uma forma que torna difícil para você dizer o que é real e o que não é. Você pode ver ou ouvir coisas que não estão lá, ou pode ter pensamentos estranhos que não vão embora.

Estudos descobriram que, quando você está no “momento alto” da maconha, pode ter sintomas psicóticos e essa sensação desaparece à medida que o efeito da substância passa.

 

A conexão da esquizofrenia

A ligação entre maconha e psicose vai muito além de um “momento alto” de curta duração. Se você já tem esquizofrenia e usa a droga, seus sintomas podem piorar e você pode passar a ter episódios com mais frequência e passar mais tempo no hospital.

Pesquisadores descobriram que, se você carrega certos tipos de genes específicos que afetam a química do cérebro, o uso de maconha pode aumentar a chance de você ter esquizofrenia. Um desses genes é chamado de AKT1 e outro de COMT.

A cannabis também pode causar sintomas de esquizofrenia mais cedo na vida. Normalmente, os homens mostram sinais do distúrbio no final da adolescência até o início dos 20 anos, e as mulheres entre os 20 e os 30 anos. Porém, o uso de maconha pode fazer com que os sintomas apareçam até 3 anos antes.

A idade em que você começa a usar maconha também pode fazer a diferença já que o uso precoce, especialmente durante a adolescência, pode significar uma chance maior de ter esquizofrenia, provavelmente porque seu cérebro ainda está se desenvolvendo durante esse período.

Se você tem um pai, irmão ou conhecido com esquizofrenia, você já tem uma chance maior de contrair a doença e o uso de cannabis pode tornar suas chances ainda piores, levando-as de 1 em 10 para 1 em 5.

Homem fumando maconha

 

Um efeito terapêutico?

Embora se acredite que o ingrediente da maconha THC desencadeie a esquizofrenia, outro componente, o Canabidiol (CBD), parece combatê-la. Em um estudo, pessoas com esquizofrenia que foram tratadas com CBD viram seus sintomas melhorarem e tiveram menos efeitos colaterais do que aquelas que tomaram medicamentos antipsicóticos tradicionais.

É importante notar, porém, que essas pessoas foram tratadas com um produto médico em um ambiente clínico supervisionado. Isso não é a mesma coisa que fumar maconha sozinho em casa.

 

Qual é o melhor conselho?

Embora a natureza exata da relação maconha-esquizofrenia ainda seja obscura, os médicos sabem o suficiente para oferecer algumas diretrizes:

  • É aconselhável que todos, mas principalmente os adolescentes, não usem a maconha.
  • Se você tem esquizofrenia, não use maconha.
  • Se você tem um histórico familiar de esquizofrenia ou outra doença psicótica, não use maconha.
  • Se você é cuidador de alguém que tem esquizofrenia e que usa maconha, incentive-o a parar.

 

Você se interessa no assunto e quer saber mais? Apareça no Freemind!

Questões como essa serão debatidas no painel “A psiquiatria do desenvolvimento e sua contribuição para a prevenção de álcool e outras drogas”, que foi montado e será coordenada pela ABEAD – Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas, parceira da Mobilização Freemind e ISSUP Brasil.

O 7º Congresso Internacional Freemind será realizado na cidade de Campinas/SP, no Centro de Convenções do Expo Dom Pedro, de 15 a 18 de junho de 2022.

Acesse o site e conheça a programação completa e os palestrantes desta edição. Aproveite e faça já sua inscrição, lembrando que as vagas são limitadas a 2.000 pessoas e já temos mais de 1.400 inscritos.

Fonte: WebMD