Efeitos do consumo de drogas parental no desenvolvimento/saúde mental da criança

Os efeitos do consumo de drogas pelos pais, no desenvolvimento das crianças, dependem muito da intensidade e do tempo de consumo. Porém, sempre são prejudiciais, tanto as legais, quanto as ilegais.

No que diz respeito às drogas legais, seu consumo deve ser suspenso, inclusive, se possível, antes da gravidez. A xantina, café, mate, etc, consumidas em qualquer quantidade, acarretariam menor peso ao bebê e maiores riscos de parto prematuro. Já o tabaco provoca mudanças na gestação, principalmente ao nascer, como parto prematuro e complicações no parto.

O álcool deve ser suspenso por riscos de má-formações de distintas identidades e quantidades, aborto, complicações na gestação e no parto. O álcool é o principal teratógeno (gerador de má-formação) conhecido.

Portanto a maconha e outras drogas atravessam a barreira da placenta e chegam ao feto causando inúmeras consequências para a criança, comprovados cientificamente.

Um artigo publicado por Lany L. C. Rocha Campelo, Raionara C. de Araujo Santos, Margareth Angelo e Maria do Perpétuo Socorro de S. Nóbrega, intitulado “Efeitos do consumo de drogas parental no desenvolvimento e saúde mental da criança: revisão integrativa”, retrata uma análise no desenvolvimento e na saúde mental das crianças.

Alguns pontos destacados no estudo:

-O uso de substâncias psicoativas por mulheres grávidas está relacionado a prejuízos nas  funções  cognitivas  das  crianças,  impactando em dificuldades na manutenção da atenção e prejuízos na memória e no aprendizado, com maior deficiência ou retardo no desenvolvimento cognitivo em crianças de até dois anos.

-Foram descritas alterações neurocomportamentais transitórias de leve a moderada na infância, problemas comportamentais em longo prazo observados desde a infância até a adolescência, assim como possíveis repercussões em longo prazo na capacidade de aprendizagem de crianças expostas intraútero, sendo a gravidade da expressão de tais problemas influenciada por fatores ambientais e pela extensão do período de exposição do feto às substâncias.

-A exposição ao álcool e outras drogas é uma das muitas influências negativas do meio ambiente para o desenvolvimento infantil. Em muitos casos, o uso parental da substância é um marcador substancial para a disfunção familiar levando a resultados previsivelmente negativos para as crianças. Somado a isso, crianças nascidas de gestações desfavoráveis e vindas de situação socioeconômica adversa são expostas a vários riscos e a uma maior tendência a atrasos no seu desenvolvimento neuropsicomotor.

-Foram analisados 11 artigos sobre efeitos neonatais do consumo de drogas em gestantes e consequências do uso de drogas no desenvolvimento cognitivo, motor e psicossocial das crianças. O Estudo foi realizado em conjunto pelas Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade de São Paulo (USP).

O artigo conclui que o consumo abusivo de drogas parental influencia, sob diversos aspectos, o crescimento e desenvolvimento dos seus filhos, além de poder ocasionar problemas de saúde mental e comportamentais, seja pelas consequências diretas do consumo de substâncias psicoativas, seja pelos efeitos indiretos, como abandono e descuido, falta de carinho e atenção, maus-tratos, entre outros, que tal consumo gera para a criança.

Além disso, os resultados negativos do uso de drogas parental identificados neste estudo incluíram aqueles desencadeados pela exposição intraútero da criança à droga que resultam em alterações perceptíveis imediatamente ao nascimento, como aquelas que afetam as medidas antropométricas (estatura, peso ao nascer, perímetro cefálico); os que impactam diretamente nas condições de saúde, como ocorre nas malformações congênitas, na síndrome da dificuldade respiratória ou na síndrome da abstinência neonatal; e aquelas que afetam o desenvolvimento cognitivo, motor e psicológico das crianças ainda em formação, como as relacionadas às habilidades cognitivas complexas, que só podem ser observadas ao longo do desenvolvimento da criança, ou seja, durante a idade escolar e anos posteriores.

Através desse estudo é possível contribuir com o conhecimento acerca da temática, fomentando mais discussões sobre as consequências do uso parental no desenvolvimento e saúde mental infantil, assim como mostrar as consequências que esse consumo gera nas crianças, salientando a importância de campanhas educativas para pais e mães visando à prevenção, redução e/ou interrupção deste ato.

Veja o artigo completo: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/161463