É possível fazer prevenção ao uso de drogas nas escolas da rede pública de ensino?
A resposta para essa pergunta é sim! Na maioria dos casos, profissionais da educação não são preparados, nos cursos de graduação, para atuarem como agentes na prevenção às drogas. Para isso, professores, gestores, auxiliares, técnicos e outros profissionais precisam buscar formação. O Freemind, com seus cursos e demais materiais, bem como o Projeto Dr. Bartô, podem colaborar com isso. Assim como tantas outras iniciativas de qualidade.
A Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (EA-FEUSP), que atende alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, localizada no bairro do Butantã em São Paulo, tem o Programa EAPREVE.
No início dos anos 2000, era apenas um projeto, que nasceu a partir de formações propostas pelo GREA (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas) do Hospital das Clínicas (HC). O GREA-HC é considerado hoje como centro de excelência para tratamento e prevenção de drogas, pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD. Desta forma, o projeto “GREA-EA”, assim denominado internamente, entrou na Escola de Aplicação da FEUSP em 2000 e ficou ativo até o final de 2003.
O projeto foi elaborado por médicos que também se preocupavam com a questão educativa, e o grupo contava com três psicólogas que, juntamente com alguns professores, desenvolveram o projeto na escola. Contavam com bolsas de pesquisa, fazendo reuniões semanais para estudos sobre adolescência e drogas específicas, bem como para a preparação de atividades pedagógicas.
No final de 2003, com o término das bolsas e da parceria direta do “GREA-EA” com o GREA-HC, o Projeto GREA-EA passou a se chamar Programa EAPREVE, de forma institucionalizada: Programa de Prevenção ao Uso de Drogas da EAFEUSP. Tal programa deu continuidade à proposta inicial do GREA.
O foco do EAPREVE está na saúde, e não na doença. Segundo as diretrizes do programa, não é pressuposto da educação para a saúde a existência do professor “especialista” ou a formação de alunos capazes de discorrer sobre conceitos complexos, nem o aprendizado exaustivo dos aspectos funcionais e orgânicos do corpo humano. O que se pretende com o EAPREVE é um trabalho pedagógico no qual as condições que se fazem necessárias para a saúde, sua valorização e a realização de procedimentos que a favorecem, sejam o foco principal.
Dentre os objetivos centrais, o primeiro deles está na prevenção primária, apresentando possíveis consequências do uso e abuso de álcool e outras drogas.
Atualmente, o Programa EAPREVE conta com seis componentes:
– Ernani Nagy de Moraes, professor de Matemática.
– José Carlos Carreiro, professor de Geografia.
– Jussara Vaz Rosa, professora de Geografia.
– Luciano Ducati Colpas, professor de Educação Física.
– Marina Hideko Anabuki, enfermeira.
– Sheila Luciana Hurtado Viana, professora de Língua Portuguesa.
No início, as atividades do EAPREVE eram inseridas no horário regular das aulas, dependendo dos professores envolvidos. Atualmente, a Escola de Aplicação disponibiliza um horário na grade da escola, denominado Espaço Projeto, onde ocorrem as atividades dos programas e projeto da Escola (EAPREVE, Gênero e Sexualidade, Negritude e outros).
As atividades são organizadas e executadas levando em consideração a idade dos alunos. Durante todos esses anos, com a existência do programa na Escola de Aplicação, muitas foram as atividades trabalhadas. Dentre estas atividades estão palestras, peças teatrais, atividades lúdicas, dentre outras.
Um exemplo de atividade é “E o Narguilé?”. O objetivo é explicar aos alunos o que é o Narguilé e fazê-los reconhecer os efeitos causados pelo uso do mesmo, refletindo sobre as alterações que este pode trazer ao organismo.
Outra atividade é conhecida por “Fogo na Escola”, que tem como objetivo levar os alunos a refletirem sobre as diferentes relações dos adolescentes com as drogas. A base para esta atividade é o vídeo “Fogo na Escola”, do curso de prevenção ao uso de drogas para educadores de escolas públicas, da Secretaria Nacional Antidrogas (2006). O que fazer quando um aluno leva bebida alcoólica para a escola? Boas reflexões sempre aparecem nesta discussão.
Para maiores informações sobre o Programa EAPREVE, recomendamos que acessem http://www3.ea.fe.usp.br/eapreve/, assim como a entrevista com o professor Ernani, que está no programa desde 2001. O link é https://www.youtube.com/watch?v=ZL7JilhyGR0.
Um abraço!
Ernani Nagy de Moraes – ernaninm@gmail.com – https://ernaninm.wixsite.com/aperfeicoamais
Licenciado em Matemática no IME-USP desde 1998. Mestre em Ensino de Matemática pela FEUSP desde 2006. Professor de Matemática na Escola de Aplicação desde 2000. Membro do Programa EAPREVE, de prevenção às drogas, na Escola de Aplicação, desde 2001.