Palavra Semanal do Idealizador da Mobilização Freemind – Dedé Martelli fala sobre: UMA TARDE, UM CAFÉ E UM GUARDANAPO
Após o dia do almoço com Arthur meu pensamento estava fixo naquele morador de rua e o que poderíamos fazer para tentar contribuir com a causa. Era necessário procurar pessoas que nos ajudassem a custear as ações que nem sabíamos quais eram e outras que entendessem sobre o tema, o que era o mais importante naquele momento.
Imediatamente pensei no Dunga, cantor católico e pregador que era o inspirador do PHN, e cuja história de vida e missão estava vinculada a causa das Drogas e a recuperação.
O acampamento do PHN (POR HOJE NÃO) organizado por ele levava todo ano a Cachoeira Paulista mais de 150 mil jovens num final de semana na Canção Nova, comunidade da qual ele fazia parte naquele tempo.
Minha amizade com Dunga vinha de anos e era costume que de tempos em tempos eu fosse a Cachoeira visita-lo, onde nossos encontros aconteciam sempre na sua casa, na maioria das vezes às terças-feiras, com cafés da tarde que se estendiam até a hora de seu programa, que era ao vivo, a partir das 22 horas. Lá tive a oportunidade de conhecer muita gente que até hoje fazem parte de meu ciclo de convivência e que tiveram a oportunidade de nos ajudar, como o Nuno e o Paulinho.
O interessante é que o início dessa amizade com o Dunga se deu numa vez onde fui buscá-lo para participar de um evento em Minas, a cerca de 350 km de Cachoeira Paulista.
Naquele tempo eu já vivia na oração constante e já conhecia seu trabalho e de tantos outros missionários. Um grupo de jovens da Renovação Carismática daquela cidade organizara um evento e um programa, onde o Dunga seria o pregador principal. A mim foi pedido que contribuísse com o traslado dele.
Vi ali uma oportunidade de conhecê-lo e as quase 8 horas que ficamos juntos dentro do carro, conversando na ida e na volta, acabaram sendo o início de uma bonita e fecunda amizade que dura até hoje.
Na terça-feira seguinte, após o encontro com aquele morador de rua e após o almoço com o Arthur, fui a Cachoeira Paulista falar com o Dunga e lá tive a oportunidade de contar o que havia acontecido naquela madrugada.
Foi uma tarde muito emotiva e inspiradora, onde o Dunga falou muito sobre o setor, as diferenças e a pluralidade das metodologias, teses e principalmente o “conflito” entre a Ciência e a Fé.
Ali, naquela tarde, Dunga pegou um guardanapo e foi escrevendo os nomes das principais pessoas do setor que ele acreditava que eu devesse conversar. Os três primeiros nomes (de uma lista com muitos) eram de Padre Haroldo, Frei Hans e Padre João Henrique, nomes que para mim eram desconhecidos até aquela conversa.
Emocionado, guardei o guardanapo no bolso e disse que iria procurar cada um, disposto a contar sobre aquela madrugada e, com humildade, pedir a ajuda deles.
Foi num balcão que dividia a sala de jantar com a cozinha da casa do Dunga, diante de um bule de café, que meu coração queimou com o sentimento de criar algo que fosse um instrumento de diálogo, de respeito às diferenças, de união e, principalmente, de Amor ao próximo. Ali comecei a entender a força do Espírito e as peças começaram a se juntar.
Dunga olhou para mim, antes de eu sair naquela noite de volta pra São Paulo e me disse: “não sei ao certo o que você vai fazer, mas se conseguir juntar todos esses nomes numa única sala, seguramente vamos saquear o inferno”.
Poucos meses depois, em janeiro de 2013, todos eles estavam no Anhembi participando do primeiro Congresso Freemind e ouvindo essa história contada pelo próprio Dunga na sua participação num show voz e violão, onde o vi emocionado de uma maneira que nunca tinha visto.
Deus, pedagogicamente, foi nos mostrando o caminho, as pessoas e principalmente os sentimentos que Ele desejava que sentíssemos.
Voltei a São Paulo naquela noite rezando, percebendo que aquela tarde tinha sido a porta de entrada para um mundo completamente novo, mas que eu sabia que encontraria um lugar para mim.
Ao Dunga, meu muito obrigado!
A Deus toda honra e glória.