O álcool é a substância psicoativa mais consumida entre os adolescentes – isto vem acontecendo cada vez mais cedo, com maior frequência e quantidade. Você já se perguntou por que isso acontece e quais as consequências?
Primeiramente, vamos aos números:
Aproximadamente 50% dos jovens com idade entre 12 e 17 anos já fizeram uso de álcool na vida;
A idade de experimentação e de início do uso regular do álcool ocorre aos 14 e 15 anos, respectivamente;
Entre estudantes de 13 a 15 anos de idade, 54,3% já experimentaram alguma bebida alcoólica e 21% já tiveram algum episódio de embriaguez na vida;
De 2006 para 2012, houve crescimento expressivo de meninas que consomem 5 ou mais doses* (de 11% para 20%) e diminuição na proporção de meninos que bebem neste padrão (de 31% para 24%), também conhecido como beber pesado episódico (BPE)**.
Mas… por que os jovens bebem?
Os adolescentes vivenciam intensas mudanças físicas, psicológicas e sociais, passando por uma fase que se associa não apenas à experimentação de álcool, mas ao beber “perigosamente”. Dentre os diversos fatores, podemos citar:
Comportamento de assumir riscos e testar limites: a tendência de procurar situações novas e potencialmente perigosas, em geral de forma impulsiva, típica dos adolescentes, pode incluir experiências com álcool;
Expectativas: a forma como veem o álcool e seus efeitos influencia o comportamento de beber. Adolescentes que bebem para ter uma experiência positiva/agradável (por exemplo, ficar mais comunicativo, ter mais sucesso na busca de parceiros, divertir-se mais) são mais propensos ao consumo;
Traços da personalidade ou transtornos psiquiátricos: algumas características podem torná-los mais propensos a começar a beber, como agressividade, rebeldia, dificuldade em seguir regras, problemas de conduta, hiperatividade, ansiedade ou depressão;
Fatores hereditários: o risco de desenvolver problemas com o álcool é diretamente influenciado pela genética;
Aceitação por amigos e pelo grupo: fazem parte dos fatores ambientais que podem influenciar no desenvolvimento do hábito de beber, assim como a referência de pais e familiares.
E por que os jovens não deveriam beber?
Independentemente do motivo que tenha levado o jovem a começar a beber, é importante que saibam que estão sujeitos a uma série de riscos potenciais. O consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes compromete o sistema nervoso central (SNC) que ainda se encontra em desenvolvimento. Desta maneira, suas vias neuronais podem se tornar mais suscetíveis aos danos causados pelo álcool, podendo levar ao comprometimento de várias funções. Ainda, quanto mais precoce o início do beber, mais cedo a pessoa poderá ter problemas com o álcool: estudos mostram que indivíduos que começaram a beber antes dos 15 anos têm 5 vezes mais chance de desenvolver problemas relacionados ao uso de álcool do que aqueles que começam a beber após os 21 anos. Além disso, para a vida adulta, o uso de álcool na adolescência é associado a maior consumo e abuso de outras drogas e mais comportamentos impulsivos.
Sob os efeitos do álcool, os jovens ficam mais propensos a comportamentos de risco – incluindo brigas, sexo desprotegido ou não consensual, acidentes automobilísticos, entre outros. Em casos graves, os jovens podem apresentar outras consequências negativas decorrentes do uso de álcool, como não cumprir obrigações importantes e até ter problemas legais, sociais ou interpessoais.
O que podemos fazer?
As crianças pensam sobre as coisas muito mais cedo do que imaginamos; portanto, nunca é cedo demais para tratar deste tema. Vale lembrar que o que os adultos fazem é tão importante quanto o que falam: crianças e adolescentes ouvem o que você diz, mas também observam o que você faz:
– Comece a falar sobre o álcool naturalmente, do modo mais simples possível;
Não use tom autoritário e evite sermões;
– Seja claro e conciso, explique os fatos associados ao uso de álcool e suas consequências;
– Mostre apoio e seja amável, deixe o caminho aberto para o diálogo;
– Estabeleça limites;
– Tenha atitudes condizentes com o que você fala pois seu comportamento servirá de exemplo para os mais jovens: faça escolhas saudáveis.
Como medida importante de avanço na prevenção do uso precoce do álcool no Brasil, em março de 2015 foi sancionada a Lei nº 13.106/2015 que criminaliza a oferta – este termo abrange vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, mesmo que gratuitamente – de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.
*A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que uma unidade de bebida ou dose padrão contém aproximadamente de 10 g a 12 g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja (330 ml) ou uma dose de destilados (30 ml) ou ainda a uma taça de vinho (100 ml).
** BPE é o padrão de consumo que expõe o indivíduo a um maior perfil de risco para danos sociais e de saúde, como prejuízos nas atividades acadêmicas e laborais, envolvimento em relações sexuais desprotegidas ou não consensuais, brigas e violência, acidentes automotivos, além de risco para uso de outras drogas.
Fonte: http://www.cisa.org.br/artigo/5958/por-que-os-jovens-bebem-por.php