Como é lá fora a regulamentação de bebidas alcoólicas e como podemos repensar nossa maneira de trabalhar?

Na última quinta-feira, 31/01/19, aconteceu na Santa Casa de São Paulo, uma solenidade da CRA (Comissão para Regulação do Álcool). Por isso trazemos algumas informações de um texto escrito por Ana Lucia Ayrosa Galvão Ribeiro Gomes, sobre como é a venda de bebida alcoólica nos EUA, para conseguirmos refletir sobre como podemos melhorar nossas regras aqui:

Em um país com leis estaduais, as regras mudam bastante de acordo com onde você está.

As informações a seguir foram dadas a partir da minha experiência pessoal trabalhando no estado de Nevada entre 2006 e 2008.

” Trabalhei em um hotel de luxo em uma cidade que fica na divisa entre Nevada e Califórnia, o que trazia muitas curiosidades. Primeiro, para vender bebida alcoólica o estabelecimento necessita de autorização, mas também cada funcionário que fará a venda ou o serviço de bebida alcoólica precisa da autorização do Xerife do condado. Essa permissão para venda e serviço deve estar em posse desse funcionário o tempo todo.

Lá, a idade legal para consumo e compra de bebida alcoólica é 21 anos e nós, como bartenders, garçonetes, gerentes, enfim, devemos pedir a identidade de qualquer pessoa que pareça ter menos de 35 anos de idade. Essa regra é checada pelo estabelecimento por meio de consumidores secretos e pode ser feito pelas autoridades da cidade também. Qualquer pessoa que apresente identidade falsa pode ser presa.

Outra curiosidade é que em todo o país, é dever e responsabilidade de quem está servindo “cut off” ou “cortar” o cliente que já excedeu seu limite no consumo. Isso é levado a sério porque se alguma coisa acontecer tanto com o cliente quanto com terceiros ou propriedades devido ao consumo excessivo de álcool, quem o serviu pode ser considerado corresponsável e até mesmo ser fichado e preso pelos atos cometidos pelo cliente.

Cada estado tem leis diferentes: em Nevada é permitido beber em público e, por público entende-se: calçadas, vias públicas, sem esconder o recipiente. O mesmo não é permitido na Califórnia, onde para consumo em público o recipiente deve estar coberto por um saco de papel pardo ou plástico preto. Isso funciona também para venda e transporte. Não é permitido ter recipiente aberto dentro de um veículo, mesmo que no porta malas, ou já vazio.

É visto como grande responsabilidade vender bebida alcoólica e obter permissão não é simples. Eles têm distâncias a serem cumpridas entre o estabelecimento e escolas ou hospitais, parques infantis e creches; é proibido vender bebida alcoólica para gestantes e também é proibido um pai ou responsável oferecer bebida alcoólica a menores de 21 anos.“

Os sites la.lawsoup.org, tripsavyy.com e nvabc.com trazem mais informações, inclusive os formulários necessários para obter tais permissões.

Em Nevada não é crime estar intoxicado em público, com exceções; já na Califórina é. Se você estiver intoxicado em público na Califórnia você pode ser preso. Em Nevada, o menor de 21 não pode frequentar locais aonde o principal objetivo financeiro seja a venda de bebidas alcoólicas ou cassinos. Na Califórnia existe horário limite para venda de bebida alcoólica: o bartender chama a “última chance”. Isso não acontece em Nevada, aonde é permitida a venda 24hs. Já em Utah, as leis são ainda mais restritivas e até 2009 era necessário ser membro de um clube privado para comprar destilados e até mesmo vinho no estado. Lá, as taxas sobre esses produtos são muito mais altas.

Esperamos com esse pequeno texto contribuir para o pensamento crítico sobre as nossas regras e consumo de bebidas alcoólicas.

Pensar que é necessário dar uma distância mínima para estabelecimentos venderem bebida alcoólica perto de escolas, faculdades e hospitais, por exemplo, ou em postos de gasolina; talvez não seja um absurdo querer fazer tais mudanças e sim um ato de preocupação e responsabilidade com nossos jovens.

Alterar as leis de publicidade, que usam esportes, sexualidade e ostentação para atrair seus clientes talvez deva olhado com mais atenção.

Ainda temos um longo caminho para mudar as características do consumidor brasileiro, mas não devemos temer nem desanimar diante das dificuldades que se apresentarão em nosso caminho.

Nosso intuito é ajudar famílias a recuperarem suas vidas, suas saúdes. E isso não é feito apenas dentro da instituição, mas também em situações aonde podemos mudar a forma de se perceber o consumo nacional.

Fonte:https://www.ctdespertar.com/midia