Nos Estados Unidos, a moda de fumar cigarro eletrônico tornou-se uma epidemia entre jovens de idade escolar e já virou caso de saúde pública. Professores de uma escola perceberam que os alunos estavam indo demais no banheiro e ficando lá por longos períodos de tempo. Após uma investigação, foi descoberto que os alunos se reuniam no banheiro para fumar cigarros eletrônicos.
Com a aparência semelhante à um pendrive, os dispositivos eram praticamente imperceptíveis. Isso acontece porque ao tragar um cigarro eletrônico, a fumaça cai entre 90% e 95%, liberando vapor d’água sem odores.
O diretor da escola alegou que os jovens nem sabiam que estavam consumindo uma droga, achavam que era inofensivo. Isso levou à um verdadeiro vício dos jovens na nicotina, levando o diretor a fazer reuniões com os pais, fecharem banheiros e levarem especialistas nas escolas.
O uso destes dispositivos nesta escola começou por curiosidade, para acompanhar outros colegas e sem saber que este hábito era altamente viciante. Hoje, cerca de 90% dos alunos não conseguem abandonar o vício.
“A nicotina é a droga que provoca a dependência química mais escravizante que a medicina conhece. O cigarro eletrônico é um aparelhinho para administrar a nicotina. A diferença é que o cigarro comum contém alcatrão e outras substâncias cancerígenas. Mas a nicotina é a mesma”, afirma Dr. Drauzio Varella.
Nos Estados Unidos, o governo está investigando várias marcas de cigarros eletrônicos que, segundo eles, têm como público-alvo exatamente os adolescentes. Principalmente por causa dos sabores, como: morango, chiclete e maçã.
Os fabricantes se defendem dizendo que estes dispositivos são direcionados para fumantes e não para adolescentes.
O professor David Abrams, da Universidade de Nova York, diz que os cigarros eletrônicos podem ser úteis apenas para um público: as pessoas que querem deixar de fumar, fazendo a substituição do cigarro normal pelo eletrônico, por ser “menos” prejudicial à saúde.
Mas o Dr. Drauzio Varella diz que os estudos não são conclusivos e que não está comprovado que esta substituição faz parar de fumar e alerta que ninguém sabe o mal que isto pode causar no futuro.
Hoje, quase 11 milhões de americanos fumam cigarros eletrônicos e mais da metade deles continua fumando o cigarro normal, além de que 15% nunca tinham fumado cigarro antes de usar este dispositivo.
No Brasil, a comercialização dos cigarros eletrônicos é proibida pela Agência Nacional de Saúde. A Anvisa diz que não há estudos que comprovem que esses dispositivos trazem menos risco à saúde. Recentemente o órgão anunciou o novo Plano de Prevenção de Tabaco na Juventude por causa do dispositivo, que já corresponde a 60% do mercado de cigarros eletrônicos naquele país. Em países da Europa, no Canadá, no Japão e na Coreia, formas alternativas de fumar também ganham espaço. No Brasil, elas permanecem proibidas porém é muito fácil adquirir dispositivos sem marca ou garantia de origem em sites ou em lojas de produtos importados e tabacarias de São Paulo.
O risco para a saúde é o consumo a longo prazo, pois ainda faltam dados sobre isso. Em nota, a Anvisa afirma que os estudos que existem mostraram que não são produtos inócuos (eles causam danos) e que certamente as indústrias fazem estas afirmações por conta do interesse em vendê-los no Brasil. O principal argumento a favor da regulamentação e liberação da venda dos produtos é o da segurança, argumentam as indústrias. No mercado ilegal, não é possível saber quais substâncias os cigarros eletrônicos contêm.
Entidades médicas e antitabagistas apontam riscos de aumentar o consumo entre crianças e adolescentes e a falta de informações sobre os malefícios a longo prazo. A Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Oncologia pediram que a proibição seja mantida. Existem também questões de segurança a observar. O dispositivo pode superaquecer e explodir e/ou liberar substâncias tóxicas. Outro possível risco é exagerar na dose de nicotina, especialmente quando não há padronização dos líquidos e dos equipamentos.