O narguilé definitivamente está na moda e caiu no gosto do brasileiro. Também conhecido como cachimbo d’água, o narguilé teve sua origem na Índia e atualmente é usado por mais de 100 milhões de pessoas em todo o planeta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente em nosso país, pelo menos 212 mil pessoas fumam narguilé.
Apesar do que muitas pessoas pensam, os danos decorrentes do uso do narguilé são grandes e não são menos perigosos que os danos resultantes do uso do cigarro. Isso significa que pessoas que fazem uso desse famoso cachimbo podem desenvolver doenças cardiovasculares e respiratórias, dependência, impotência e o desenvolvimento de cânceres, como o de pulmão e boca.
Um estudo publicado na Public Health Reports em 2016, intitulado “Systematic Review and Meta-Analysis of Inhaled Toxicants from Waterpipe and Cigarette Smoking”, comprovou que o uso do narguilé expõe uma pessoa a níveis muito maiores de substâncias tóxicas que o cigarro. De acordo com o estudo, uma sessão de narguilé expõe uma pessoa cerca de 2,5 mais vezes à nicotina do que o cigarro.
Fato é que pessoas que fazem uso do narguilé utilizam o cachimbo com frequência relativamente menor do que os fumantes usam o cigarro. Entretanto, em uma sessão, que pode durar até uma hora, uma pessoa inala a fumaça correspondente a aproximadamente 100 cigarros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Vale frisar ainda que o carvão utilizado para acender o narguilé também origina fumaça, aumentando a quantidade de substâncias tóxicas às quais uma pessoa é exposta. Além disso, muitos médicos alertam para outros problemas decorrentes do uso do narguilé. Como normalmente a piteira é compartilhada com várias pessoas, é aumentado o risco de contrair doenças contagiosas, como a herpes, hepatite C e a tuberculose.
A hepatite C é uma doença silenciosa e perigosa, transmitida por um vírus que causa infecção no fígado e, a longo prazo, pode levar à cirrose, câncer e doença hepática crônica.
A doença pode ser contraída se uma pessoa entra em contato com o sangue ou fluídos corporais de alguém infectado com o vírus em atividades até mesmo banais, como compartilhamento de itens de higiene pessoal contaminados (lâminas de barbear, escovas de dentes e alicates de unha) e, claro, o bocal do narguilé.
A possibilidade de cura de hepatite C acontece em aproximadamente 60% dos casos e irá depender do tipo de vírus e da velocidade do diagnóstico. Com tratamento adequado, a doença pode ser extinta do sangue do paciente.
No caso da tuberculose, a doença é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, transmitida por via aérea. O paciente com tuberculose nos pulmões pode transmitir a doença ao tossir, falar ou espirrar, espalhando a bactéria pelo ar pelas gotículas de saliva. Ou seja, o compartilhamento do bocal do narguilé também oferece riscos de transmissão.
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “Riscos do uso de narguilé”; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/saude-na-escola/riscos-uso-narguile.htm>. Acesso em 20 de marco de 2019.