O tão inofensivo “baseado” começa a mostrar que seus efeitos não são tão inofensivos assim. Em 13 de Fevereiro deste ano foi publicado um estudo apontando e correlacionando o uso de Cannabis com depressão, ansiedade e suicídios.
A questão levantada é: O consumo de Cannabis na adolescência está associado ao risco de depressão, ansiedade e suicídios na vida jovem adulta? E por que esse estudo é tão importante?
Vou te explicar porque é tão importante o estudo profundo dessa droga.
A Cannabis é a droga mais comumente consumida por adolescentes no mundo inteiro. E apesar do impacto do uso da maconha no desenvolvimento de psicoses já ter sido estudado e apresentado, pouco era sabido sobre o impacto do uso da droga no humor e sua relação com suicídios na fase adulta.
O que esse estudo mostra é que os riscos são altos demais e por isso é relevante apresentar esse estudo ou uma pequena parte dele de forma mais ampla e de mais fácil entendimento.
Quem apresentou o artigo não foi uma pessoa apenas, mas uma lista de cientistas e estudiosos renomados, como Gabriella Gobbi, uma cientista de neurologia e psiquiatria, professora da Universidade McGill, no Canadá, que em seu laboratório estuda depressão, ansiedade, distúrbio bipolar e outras doenças psiquiátricas, suas causas e curas, entre outros autores. Esse estudo trouxe uma análise sistemática e foi publicada em sua versão online no Jama Psychiatry¹.
Bem, os autores levantaram 11 estudos, com 23.317 indivíduos no total e chegaram à conclusão de que sim, o consumo de maconha na adolescência pode ser associado à depressão e pensamentos suicidas na fase adulta de vida. Mas não com ansiedade.
Mas o que ou quanto isso significa?
Em comparação com adolescentes não usuários de maconha, os adolescentes usuários de maconha apresentaram
– Risco 37% maior de desenvolver depressão na fase adulta.
– Risco 50% maior de pensar em suicídio na fase adulta.
– Risco de tentativa de suicídio 3 x maior na vida adulta.
Que pré-adolescentes e adolescentes devem evitar o uso de maconha todos sabem, é evidente. Mas o que nem sempre pensamos é que esses estudos trazem dados novos e devem ser usados também como informação à política de saúde pública. É importantíssimo que os governos passem a enxergar o consumo dessa droga como um problema de saúde pública, com consequências maiores e mais sérias do que o desconforto social. E a partir disso tragam estratégias de prevenção e redução do uso de Cannabis entre jovens. E quando falo em governos falo do modo mais amplo possível, autoridades municipais, estaduais, nacionais e entidades como OMS, ONU e outras organizações com atuação global. Afinal, não é um problema do Canadá, dos Estados Unidos ou da América do Norte, mas do mundo todo.
Enquanto enxergarmos a Cannabis como uma droga recreativa inofensiva, estaremos fechando os olhos para uma geração que ainda não teve contato com esse mundo, uma geração que está aprendendo a andar, a falar, a copiar os irmãos e irmãs mais velhas.
Enxergar a dimensão e amplitude das possíveis consequências do uso de drogas é um passo a mais para o olhar com amor, com carinho, com respeito e responsabilidade pelas vidas jovens que estão no mundo. Vidas que muitas vezes veem na maconha a entrada para uma solução, uma vida com amparo de traficantes, uma vida com mais conforto trazido pelo dinheiro do tráfico.
É preciso tomar a responsabilidade de mudar o cenário para si. Cada um tem o dever melhorar o seu próprio mundo, de torná-lo mais seguro, mais limpo e leve.
Olhe para o adolescente ao seu lado com mais atenção. Você pode mudar muito mais do que o dia dele, você pode mudar a vida dele.
Fonte: ¹ https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/article-abstract/2723657
Texto de Ana Lucia Ayrosa Galvão Ribeiro Gomes – https://www.ctdespertar.com/post/acende-puxa-prende-passa-ser%C3%A1-que-vale-a-fuma%C3%A7a