A adolescência é a faixa etária de maior vulnerabilidade para a experimentação
e o uso abusivo de álcool e drogas, e os motivos que levam ao aumento do uso dessas substâncias são diversos. Alguns fatores podem estar relacionados a essa fase da vida, na qual são comuns a sensação de onipotência, ou seja, sentir que tem poder para fazer o que quiser e a necessidade de desafiar a família e a sociedade buscando novas experiências.
Em 2016, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou os dados de uma pesquisa realizada com alunos do 9º ano do ensino fundamental que apontaram que os jovens estão tendo acesso cada vez mais precoce às bebidas alcoólicas e às drogas ilícitas. Mais da metade dos entrevistados relataram já terem tomado ao menos uma dose de bebida alcoólica, proporção superior aos 50,3% registrados em 2012.
No entanto, o dado mais preocupante foi que mostrou que, tanto 2012 quanto em 2015, um em cada cinco jovens teve pelo menos um episódio de embriaguez. Ainda revelaram ter experimentado alguma droga ilícita.
Especialistas ressaltam que quanto menor a idade de início da ingestão da bebida e outras drogas, maiores as possibilidades de o jovem se tornar um usuário dependente ao longo da vida. O consumo antes dos 16 anos aumenta significativamente o risco de se tornar alcoólatra na idade adulta.
Além disso, os jovens que tem na família usuários frequentes de álcool e outras drogas, por estarem mais expostos a essas substâncias e devido à hereditariedade, estão mais propensos ao uso precoce.
A adolescência é uma etapa na qual o jovem está em processo de formação de sua personalidade e de sua capacidade de lidar com fatores como estresse, relacionamento com a família e a autoestima. O álcool e outras substâncias, em um primeiro momento, parecem oferecer uma resposta rápida a esses conflitos comuns à idade, fazendo com que o jovem perca a capacidade de desenvolver habilidades para lidar com essas questões no dia a dia.
Riscos do consumo precoce de álcool e outras drogas
Adolescentes que se expõem ao uso excessivo dessas substâncias podem desenvolver problemas como ansiedade, depressão, transtorno de personalidade, déficit de memória, perda de rendimento escolar, retardo no aprendizado e no desenvolvimento de habilidades. Isso ocorre porque o sistema nervoso central ainda não está completamente desenvolvido.
O custo social do uso abusivo do álcool também é elevado. Os adolescentes tendem a apresentar comportamentos de risco, como praticar atividade sexual sem proteção, o que pode levar à gravidez precoce e à exposição a doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo.
O papel da família na prevenção
O jovem é influenciado também pelo grupo ao qual está inserido. Se o grupo acha normal beber em excesso ou utilizar outras drogas, o jovem também achará. E o que é mais preocupante é que o uso dessas substâncias tem sido cada vez mais aceito socialmente.
Nesse contexto, o papel da família ganha mais destaque. É preciso monitorar o jovem, saber com quem se relaciona, quais locais frequenta. Não é o monitoramento no sentido de vigilância, mas de preocupação com a saúde e a segurança.
A prevenção deve começar cedo, por volta dos sete ou oito anos de idade. Nessa faixa etária, as crianças ainda ouvem os pais. Já na pré-adolescência, é aos amigos que o jovem dará mais atenção, muitas vezes ignorando os conselhos dos pais.
A abordagem deve ser feita de maneira natural, introduzindo o assunto quando a criança, por exemplo, tiver algum tipo de contato com alguém que bebeu demais. Caso os pais percebam que o jovem está apresentando um comportamento incomum (agressividade, notas baixas na escola etc.), a recomendação é de procurar ajuda de um especialista.
Por meio do diálogo e do estabelecimento de limites e regras claras, a família assume papel relevante na prevenção e no apoio ao jovem que está fazendo uso ou abusando do álcool ou outras substâncias. Muitas vezes, o tratamento começa pela família.
Fonte: Hospital Sírio Libanês