No mundo de hoje, onde as ondas de progresso tecnológico e cultural nos empurram cada vez mais rápido, há correntes subterrâneas que ameaçam arrastar partes significativas de nossa população para profundezas perigosas. Estas correntes são as dependências relacionadas a drogas e sociedade — de álcool, drogas ilícitas e, cada vez mais, digitais.
Diante do caos que estamos nos aproximando, é comum vozes importantes bradarem na mídia com a frase:
“ALGUÉM PRECISA FAZER ALGUMA COISA!”
Este artigo não é apenas uma reflexão, mas um chamado à ação para a sociedade civil, convidando-a a reconhecer e assumir seu papel crucial no combate a essas dependências.
Uma Epidemia Oculta
Quando falamos sobre epidemias, a mente rapidamente se volta para doenças infecciosas, grandes alertas de saúde pública que se espalham visivelmente e exigem resposta imediata. No entanto, há uma epidemia mais silenciosa, mas igualmente devastadora, que cresce nas sombras: a dependência de álcool e outras drogas, incluindo as digitais. Esta “epidemia oculta” permeia todos os níveis da sociedade, afetando indivíduos de todas as idades, gêneros e classes sociais, e seus efeitos são profundamente destrutivos tanto para os indivíduos quanto para as comunidades ao redor.
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Enquanto avanços tecnológicos e médicos continuam a salvar vidas, a dependência química e digital secretamente erode o tecido social e familiar. Estatísticas globais são alarmantes, mas os números só contam parte da história. Por trás de cada estatística há um indivíduo, uma família, uma comunidade devastada. A dependência é uma doença que não discrimina, afetando todas as esferas socioeconômicas e culturais.
A Escala do Problema
De acordo com o relatório World Drug Report 2023 da Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o uso de drogas ilícitas continua elevado em todo o mundo. Em 2021, 1 em cada 17 pessoas com idades entre 15 e 64 anos no mundo haviam consumido drogas nos últimos 12 meses. O número estimado de usuários aumentou de 240 milhões em 2011 para 296 milhões em 2021 (5,8% da população global com idades entre 15 e 64 anos). Isso representa um aumento de 23%, em parte devido ao crescimento populacional. Conforme o mesmo relatório, os jovens continuam a ser o grupo mais vulnerável ao consumo de drogas. Globalmente, em 2021, a prevalência anual do consumo de cannabis entre os jovens de 15 e 16 anos foi de 5,34%, em comparação com 4,3% para os adultos.
No Brasil, o III Levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira, resultado da parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), mostrou que o país possui por volta de 2,5 milhões de pessoas com dependência alcoólica e 2 milhões de pessoas com dependência de outras substâncias. O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), que é uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde do Brasil, também trouxe dados importantes para o cenário brasileiro. A prevalência do tabagismo na população adulta brasileira (18-24 anos) diminuiu de 15,2% em 2022 para 14,5% em 2023, o que foi uma boa notícia, mas ainda há muito a ser feito para reduzir o consumo de tabaco no país, e a prevalência do consumo do álcool na população jovem adulta brasileira aumentou de 59,4% em 2022 para 60,6% em 2023.
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Impactos Pessoais e Sociais
O impacto da dependência é catastrófico e multifacetado:
Saúde Física e Mental: Além dos danos óbvios à saúde física — como doenças hepáticas, câncer, problemas cardiovasculares e overdose — a dependência também deteriora a saúde mental, aumentando o risco de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos.
Desintegração Social: A dependência frequentemente leva à quebra de relações familiares, perda de emprego e isolamento social, exacerbando o ciclo de uso e abuso de substâncias.
Custo Econômico: O impacto econômico é igualmente grave, com custos enormes para os sistemas de saúde, perda de produtividade no trabalho, e despesas relacionadas à criminalidade e aos acidentes de trânsito.
Efeitos Intergeracionais: A dependência também tem um componente intergeracional, afetando não apenas quem consome as substâncias, mas também seus familiares e especialmente seus filhos, que podem sofrer de problemas emocionais e de comportamento.
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O Desafio da Detecção e Intervenção
Um dos maiores desafios no combate à epidemia de dependência é sua detecção. Muitos dos que sofrem são hábeis em ocultar seus problemas, e a sociedade ainda hesita em falar abertamente sobre essas questões. O estigma associado à dependência é um obstáculo significativo, fazendo com que muitos evitem buscar ajuda. Além disso, a falta de recursos e programas de intervenção acessíveis e eficazes significa que muitos dos que são diagnosticados não recebem o tratamento de que precisam.
A necessidade de uma resposta coordenada é clara. É necessário um esforço conjunto que envolva educação, recursos de saúde pública, apoio comunitário e políticas governamentais eficazes para não apenas tratar aqueles que já estão sofrendo, mas também para prevenir a incidência de novos casos. Esta abordagem também deve incluir uma mudança na percepção pública da dependência, de uma falha moral para uma questão de saúde pública que requer compaixão e apoio contínuo.
A “epidemia oculta” de dependência é um problema complexo que exige uma resposta sofisticada e multifacetada. Reconhecer a escala e a seriedade do problema é o primeiro passo para desenraizar suas causas e mitigar seus efeitos devastadores. Somente através de uma abordagem holística e inclusiva podemos esperar virar o jogo contra essa maré que continua a devastar vidas em silêncio.
Cada indivíduo tem o poder de influenciar positivamente a batalha contra as dependências, seja através do diálogo aberto, da participação em iniciativas comunitárias ou simplesmente ao educar-se e aos outros sobre as realidades deste desafio global. É crucial que nos unamos não só como indivíduos, mas como uma comunidade global em prol de uma mudança significativa.
Convidamos você a se envolver ativamente nesta causa. Acompanhe-nos em nossas redes sociais, onde continuamos a explorar esses temas, oferecendo recursos, compartilhando histórias de sucesso e discutindo estratégias para combater a dependência. Sua participação é vital para construir uma comunidade informada e resiliente que possa enfrentar juntos esses desafios.
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