Saiba os perigos do consumo de álcool na terceira idade

O consumo excessivo de álcool na velhice é uma pauta normalmente deixada de lado nas políticas públicas do nosso país, pois o problema normalmente está atrelado aos consumidores mais jovens.

Porém, segundo uma pesquisa do Datafolha de 2018, 9% dos homens brasileiros que estão na terceira idade bebem todos os dias e 30% bebem semanalmente. Isso significa que quase um em cada 10 idosos bebem todos os dias. Já entre as mulheres, 81% não bebem contra 57% dos idosos.

O estudo mostra que quase 40% dos homens idosos que usam bebida alcoólica diariamente como se fosse uma bebida qualquer, mas não é. O álcool é uma substância psicotrópica que causa danos para todas faixas etárias, principalmente na terceira idade. A bebida causa um impacto considerável nos sistemas nervoso, cardiovascular, circulatório e gastrointestinal.

Normalmente, o uso se deve ao fato de que os idosos tendem a ficar mais sozinhos e solitários na velhice porque as famílias acabam se afastando. Além do lazer do idoso ser restrito, muitos costumam ir a bares, procurando a sensação de bem-estar que a bebida causa.

Porém o impacto da bebida no organismo do idoso pode ser perigoso pois as células do corpo já estão envelhecidas e o fígado na terceira idade possui uma limitação enzimática, fazendo com que o álcool seja metabolizado mais lentamente. Isso somado a outros problemas de saúde comuns da idade como hipertensão, diabetes, osteoporose, problemas cardiovasculares, colesterol elevado e outros, pode gerar complicações maiores. Além disso, os idosos possuem uma sensibilidade ao álcool maior em decorrência do envelhecimento, os efeitos são mais acentuados em comparação aos jovens de mesmo peso e sexo.

No Sistema nervoso central do idoso, o álcool pode causar depressão, ansiedade, demências e danos ao sistema cardiovascular como hipertensão arterial e AVCs. No sistema gastrointestinal podem surgir cânceres e hepatites com cirrose hepática. Também são comuns casos de diabetes alcoólica e de infecção causadas por queda do sistema imunológico.

Além disso, geralmente idosos tomam diversos medicamentos, para diabetes, depressão, problemas cardíacos e etc, e esses remédios interagem na maioria das vezes com o álcool, interferindo nos efeitos desses fármacos.  Ademais, também pode causar outros efeitos como náusea, vômito, cefaléia e vertigem. O uso de álcool com outros depressores do sistema nervoso central (tranquilizantes, anti-histamínicos, ansiolíticos, analgésicos, antidepressivos) faz com que certos efeitos sejam exacerbados, como sedação, sonolência, perda de coordenação motora e de memória. Isso expõe o indivíduo idoso a maior risco de queda, acidentes, intoxicação e até mesmo morte.

Existe um mito de que idosos não conseguem se livrar de dependências como os jovens, porém estudos mostram que pessoas na terceira idade se beneficiam do mesmo modo de tratamentos como as pessoas mais jovens. Contudo, a efetividade dos tratamentos tende a ser melhor para aqueles que apresentam menor histórico de uso de álcool. Vale ressaltar que a família é peça-chave tanto na prevenção do uso nocivo do álcool, como em casos em que o problema já está instalado. Inclusive, não são poucas as vezes em que o tratamento se inicia pela família, principalmente porque o usuário de álcool não aceita seu problema, não reconhece que o uso de bebidas alcoólicas lhe traz consequências negativas ou está desmotivado para buscar ajuda. Além disso, a família pode auxiliar na aderência, permanência, na superação de dificuldades decorrentes do processo e no estabelecimento de um novo estilo de vida sem o uso do álcool.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/01/1951983-9-dos-idosos-do-pais-consomem-alcool-diariamente-diz-datafolha.shtml