Argumento 2: Usar maconha antes dos 23 anos de idade tem o mesmo risco de dependência que a cocaína

Usar maconha antes dos 23 anos de idade, quando o cérebro ainda está em desenvolvimento, tem o mesmo risco de dependência que a cocaína.

A Mobilização Freemind está trazendo o segundo argumento para as pessoas refletirem sobre a legalização da maconha. Argumento este que é uma comprovação da Associação Brasileira de Psiquiatria de que usar maconha antes dos 23 anos de idade, período em que o cérebro ainda está em desenvolvimento, tem o mesmo risco de dependência que a cocaína. Há muito tempo se discute o uso da maconha e sua dependência, e principalmente nos mesmos padrões das outras substâncias psicotrópicas.  Muitos estudos comprovam que os critérios atuais de dependência se aplicam tanto à dependência da maconha como de outras drogas.

Dos 12 aos 23 anos o cérebro está em pleno desenvolvimento. Quanto mais precoce o uso da droga, maiores são as chances de dependência. A ação da maconha nessa fase de formulação cerebral pode ser irreversível. Com a legalização deve aumentar o número de usuários, especialmente entre os adolescentes. Quando usada na adolescência, o risco de dependência é o mesmo da cocaína, ou seja, 15%.

Vale a pena ressaltar que quando o uso da maconha ocorre nesta fase, principalmente antes dos 17 anos, os prejuízos por ela ocasionados são dose-relacionados, ou seja, quanto maior a dose, maiores os efeitos e problemas. Quando o uso passa a ser regular, percebe-se que ela é uma droga que causa dependência, podendo levar à escalada de experimentação de outras substâncias, além de favorecer o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos na adolescência e fase adulta. O uso de maconha por adolescentes tem impactos psicológicos, biológicos, sociais e legais que levam ao comprometimento do desenvolvimento do futuro adulto.

Além disso, a Associação Brasileira de Psiquiatria ressalta os problemas causados pela maconha na saúde mental do usuário. A droga, quando fumada, piora todos os quadros psiquiátricos, que já atingem até 25% da população, como depressão, ansiedade e bipolaridade. A maconha pode desencadear primeiras crises graves, mudando a história natural de doentes que poderiam viver incólumes a riscos transmitidos geneticamente.

Porta de entrada para outras drogas

A imensa maioria dos usuários de cocaína (90%) começou primeiro usando uma droga como a maconha, cigarro ou álcool. Nem todos que fumam maconha começam a usar drogas mais pesadas. Outros desistem completamente de usar maconha. Porém um estudo descobriu que os adolescentes (12 a 17 anos) que fumam maconha têm 85 vezes mais probabilidade de usar cocaína do que os adolescentes que não fumam a erva e que 60% destes que fumam a erva antes dos 15 anos passam a usar cocaína.

A recomendação é que as pessoas se informem sobre os já comprovados efeitos nocivos da maconha (risco de acidente, danos respiratórios para usuários crônicos, risco de desenvolver dependência para usuários diários e déficit cognitivo para os usuários crônicos). Os efeitos nocivos inconclusivos também devem ser transmitidos. Intervenções mínimas, de natureza motivacional ou cognitiva, têm se mostrado de grande valia para esses indivíduos.

Fonte: ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria