Educadores de ensino fundamental e médio são, cada vez mais, cobrados pelos pais de alunos, direção da escola e pela opinião pública para abordarem a questão das drogas em sala de aula, e para saberem lidar de modo efetivo com alunos que necessitam atenção especial nessa questão. Se você é um desses educadores sob pressão, sabe que a tarefa não é fácil. E que, na maioria dos casos, você e seus colegas estão fazendo o que é possível, sem que tenham oportunidade de realmente planejar ações e discutir projetos mais estruturados na área.
Por isso, esse texto se propõe a oferecer subsídios teóricos e práticos para que seus esforços sejam mais alinhados com o que as pesquisas científicas têm apontado como mais eficaz no campo da prevenção do consumo de drogas na escola. O que você pode fazer? O educador pode contribuir para prevenir o abuso de drogas entre adolescentes de duas formas básicas: incentivando a reflexão e a adoção de medidas na própria escola onde trabalha e atuando diretamente com seus alunos, na sala de aula.
O que fazer e o que não fazer para ajudar um aluno que apresenta problemas com drogas
Caso você tenha um aluno que precise de uma ajuda mais individual, e você esteja disposto a oferecê-la, leia abaixo algumas dicas de como ter uma conversa:
– Coloque claramente sua preocupação com o comportamento dele(a), de modo calmo, dando exemplos bem concretos e específicos de episódios que você observou;
– Evite fazer julgamentos, sermões; isso só vai colocar o estudante na defensiva e aumentar a culpa;
– Enfatize que a situação em que ele se encontra só pode mudar, se ele assumir a responsabilidade de mudá-la; cabe a ele a decisão final, embora possa haver ajuda dos outros;
– Ofereça opções de comportamentos alternativos e convide-o a refletir; não exija que ele se comprometa com nada de imediato, a não ser o de refletir sobre o que você falou;
– Enfatize que ele(a) é capaz de mudar, que, embora possa parecer difícil, é possível. Começar com pequenos passos pode ser a melhor maneira de conseguir mais.
Não existe uma fórmula secreta de como trabalhar em sala de aula, mas as experiências mostram que alguns princípios e abordagens surtem mais efeito do que outros:
► Apresente informações fundamentadas sobre drogas de maneira isenta e honesta; sem usar exagero ou estratégias de amedrontamento. Os diferentes setores da escola devem ter coerência na forma de abordar as questões.
► Inclua informação realista sobre os riscos de se usar drogas, mas mencione também os benefícios de não usá-las.
► Caso vá explorar os vários motivos pelos quais as pessoas usam drogas, discuta também alternativas, outras atividades que as pessoas poderiam ter escolhido ao invés de usar drogas.
► Não faça sermão, tente envolver seus alunos ao máximo, usando as opiniões e visões que eles oferecem.
► Não exagere os dados de consumo de drogas na nossa sociedade. A maioria dos nossos jovens é saudável e prefere se abster. Exagero só faz com que os jovens desenvolvam uma visão deformada da realidade, pensando que se eles e seus amigos não usam drogas, é porque estão “por fora”; afinal os jornais, seus pais e professores garantem que o consumo de drogas está, cada vez mais, disseminado.
► Não generalize as informações como se todas as drogas fossem iguais, fazendo afirmações do tipo “não use drogas” ou “os problemas que as drogas causam”. É importante saber que, embora seja desejável que os adolescentes retardem o início do consumo, existem usos de algumas drogas ou medicamentos que não trazem prejuízos. Os efeitos são diferentes, o que torna necessário que as informações sejam dadas nomeando as drogas sobre as quais estamos falando.
Fonte: Cartilha para Educadores – http://www.justica.gov.br/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/cartilhas-politicas-sobre-drogas/cartilhaeducadores.pdf