Brinquedos, brinquedos e mais brinquedos. Muitas vezes, dizem os especialistas, na ânsia de comprar o presente favorito, que supra as vontades e os gostos dos filhos, os pais se esquecem de algo que não pode ser comprado, tampouco traduzido em números: a presença.
“Precisamos nos atentar para os valores que o cartão de crédito e o dinheiro não compram. Presentear é algo muito bonito e todos gostam, porém não deveria ser prioridade e muito menos se oferecido como substituição ao afeto e a presença permanente na vida dos filhos e das filhas”, afirma Ana Abreu, pesquisadora em educação da Universidade Federal de Alfenas.
A educadora defende que, embora seja importante que os bebês tenham brinquedos, é fundamental que tanto eles quanto os pais saibam que o próprio corpo da criança será sempre o seu maior brinquedo. Além disso, cabe aos familiares serem os primeiros mediadores do processo de construção de conhecimento, conscientes de que é só com o empenho deles que as crianças conseguem avançar de um estágio do desenvolvimento para outro.
Nesse ponto, vale destacar que as brincadeiras têm um papel fundamental para a criação do universo lúdico do bebê. De acordo com estudos desenvolvidos na área, o ato de brincar possui três grandes metas: o prazer, o desenvolvimento das expressões e dos sentimentos, e a aprendizagem. Sim, é verdade, é brincando que se aprende — a conviver, a se organizar (no momento de guardar os brinquedos), a se colocar no mundo.
Mas isso diz respeito às brincadeiras, e não os brinquedos propriamente ditos. Brincar envolve toque, voz, cheiro, vontade, disponibilidade e paciência. Estar por perto é fundamental. Mesmo que os pequenos não tenham consciência da importância da presença dos pais, isso será determinante também para o seu desenvolvimento social.
Além disso, é por meio das brincadeiras que os pais e responsáveis são capazes de entender o mundo das crianças, como é a coordenação motora, se falam muito ou não, se são introspectivas ou escandalosas, como elas constroem e organizam o mundo e seus valores, suas preocupações, problemas e desejos. Por isso, para se aproximar e compreender esse universo, o melhor é entrar no clima da brincadeira e respeitar as regras, costumes e manias da criança.
Importante refletir sobre quando começar a falar sobre drogas, questão que permeia o imaginário de pais e professores ao lidarem com a prevenção. Pode-se abordar essa questão em várias ocasiões e, desde o momento em que a criança demonstra ser capaz de entender uma história, é possível falar sobre drogas com ela. Pode-se usar as brincadeiras para falar, nessa fase, da importância de não se consumir coisas que fazem mal à saúde, por exemplo.
Esta também é uma fase para começar a mostrar às crianças os valores morais, as crenças, os padrões de comportamentos e as atitudes dos pais ao perpassarem o modelo de criação, as condutas e as normas estabelecidas, que poderão funcionar como fatores protetores do uso de drogas pelos filhos.
“A ausência dos pais pode surtir efeitos nefastos no desenvolvimento das crianças, como sentimentos de rejeição, solidão e ansiedade recorrentes, que podem catalisar, mais tarde, problemas de ordem psicológica. O triste é que, às vezes, a ausência é tão comum que pode ser considerada uma marca de convivência entre os pequenos e os familiares”.
O Freemind e a ISSUP Brasil desejam que todas as crianças consigam ter realmente garantidos os seus direitos a brincar, a sonhar e a ser feliz sem drogas, não só no dia 12 de outubro, mas em todos os dias do ano.
Fonte: www.primeiros1000dias.com.br