De 18 a 25 de Setembro – Semana Nacional do Trânsito
Álcool, drogas e direção: perceba o risco… Proteja a vida!
A Semana Nacional de Trânsito (SNT), conforme disposto no art. 326 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é comemorada anualmente entre os dias 18 e 25 de setembro.
Ações em todo o país são realizadas pelos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito com o objetivo de conscientizar todos os envolvidos, sejam eles motoristas, passageiros, motociclistas, ciclistas ou pedestres.
O tema definido oficialmente pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) para a Campanha Educativa de Trânsito de 2020 é “Perceba o risco, proteja a vida”, o qual busca chamar a atenção sobre os perigos no trânsito, bem como outros riscos à saúde do cidadão.
É importante perceber os riscos que o álcool e outras drogas trazem a todas as pessoas, sejam elas os condutores, os passageiros ou os pedestres.
Usar substâncias e dirigir é uma escolha que tem efeitos e consequências e quem opta por isso deve assumir a responsabilidade de seus atos.
Ocorre que, muitas vezes, quem acaba sofrendo as consequências dessa escolha equivocada são pessoas que não tem responsabilidade nenhuma sobre isso.
Em todo o mundo, estima-se que entre um quarto e metade das vítimas fatais de acidentes de transporte terrestre (ATT) relaciona-se com o uso abusivo do álcool.
Segundo o estudo Análise da mortalidade por acidentes de transporte terrestre antes e após a Lei Seca – Brasil, 2007-2009, “condutores com concentração de álcool no sangue (alcoolemia) igual ou superior a 0,2 g/l apresentam déficits nas habilidades necessárias à condução segura, como funções de atenção dividida, habilidades visuais reduzidas e prejuízo no acompanhamento de movimento.
Logo, quanto maior a concentração de álcool no sangue do condutor, maior a probabilidade de ocorrer um acidente“.
Por isso, a Lei 11.705 (Lei Seca) foi criada, fiscalizando e educando as pessoas para o trânsito.
A pesquisa citada identificou melhora nos números de acidentes causados pelo consumo de bebida alcoólica entre os anos de 2007 e 2009, apontando redução proporcional significativa no risco de morte por ATT, variando de -7,4% para o Brasil a -11,8% nas capitais.
Meta até 2020 sobre Segurança do Trânsito
A meta da Década Mundial de Ações para a Segurança do Trânsito (2011-2020), proposta pela Organização Mundial de Saúde, é evitar 5 milhões de mortes de trânsito no mundo.
Sem nenhuma ação preventiva, o número de vítimas pode chegar a 1,9 milhão por ano até 2020.
Para diminuir essas projeções, os países — entre eles o Brasil — têm tomado medidas para melhorar a segurança rodoviária, inclusive no aumento da aplicação da legislação existente.
A resolução foi elaborada com base em pesquisa realizada pela OMS em 178 países que estimou que, em 2009, aconteceram cerca de 1,3 milhão de mortes por acidentes de trânsito.
Ela recomenda aos países-membros a elaboração de um plano de ação para guiar as ações nessa área, tendo como meta estabilizar e reduzir o número de mortes no trânsito em todo o mundo.
Para isso, periodicamente o órgão promove ações de conscientização de pessoas de todas as idades, além de disponibilizar cartilhas com dicas de atividades e brincadeiras para todas as faixas etárias, adequando as noções de cidadania no trânsito para as crianças desde a pré-escola.
Dados Alarmantes
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são registradas mais de 1,3 milhão de mortes por ano, além dos milhões de pessoas feridas.
Relatórios da OMS revelam que as perdas provocadas pela violência do trânsito se caracterizam como um problema de saúde pública com proporções epidêmicas.
Os acidentes de trânsito têm sido reconhecidos pelas Nações Unidas como um desafio para a realização das metas de saúde e desenvolvimento.
Apenas 15% dos países têm leis abrangentes relativas a cinco principais riscos: excesso de velocidade, mistura de álcool e direção; o não uso de capacetes; uso incorreto de cintos de segurança; e sistemas inadequados de segurança para crianças.
Um balanço sobre a violência no trânsito, divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que, em sua maior parte, os acidentes acontecem durante o dia (59%), com tempo bom (75%) e em retas (67%).
Os números dos acidentes de trânsito no Brasil assustam e não deixam dúvida: o problema é grave, muito grave mesmo.
No Brasil, a cada 60 minutos, em média, pelo menos cinco pessoas morrem vítimas de acidente de trânsito; nos últimos dez anos as vítimas de trânsito causaram enorme impacto na saúde pública, chegando a quase R$ 3 bilhões em custos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento mostra ainda que entre 2009 e 2018 houve um crescimento de 33% na quantidade de internações por acidente de transporte em todo o país.
Conforme o CRM, o pior cenário, proporcionalmente, foi identificado no estado de Tocantins, que saiu das 60 internações em 2009 para 1.348 no ano passado (aumento de 2.147%). Na sequência aparece Pernambuco, onde o salto foi de 725% na última década.
Apenas cinco estados registraram queda dessas internações: Maranhão (redução de 40%), Rio Grande do Sul (22%), Paraíba (20%), Distrito Federal (16%) e Rio de Janeiro (2%).
Bebidas alcoólicas (álcool)
Pesquisa realizada no ano de 1997, abrangendo quatro capitais (Salvador, Recife, Brasília e Curitiba) pela ABDETRAN (Associação Brasileira dos Departamentos Estaduais de Trânsito), comprova que trânsito e drogas, a começar pelas bebidas alcoólicas, são, de fato, uma combinação nociva à vida.
Os resultados apresentados foram significativos: 61% dos acidentados tinham ingerido bebida alcoólica, sendo que 27,2% apresentaram uma quantidade de álcool no sangue superior à permitida pelo novo Código de Trânsito Brasileiro (0,6 gramas de álcool por litro de sangue).
Em todas as cidades que foram realizadas as pesquisas, a faixa etária de 20 a 39 anos apresentava o maior índice de consumo de álcool: 65%.
Mas é entre os menores de 20 anos de idade que a pesquisa detectou alguns resultados ainda mais graves, com a clara constatação de que os adolescentes continuam infringindo duplamente a lei: fazem uso de bebida alcoólica e dirigem sem habilitação de motorista – uma combinação perigosa e muitas vezes fatal para condutores e pedestres.
Entre os adolescentes de 13 a 17 anos, 10,3% apresentaram teor de álcool no sangue acima do permitido.
Nos acidentados com menos de 20 anos, 52,8% estavam alcoolizados, sendo que 16,5% tinham passado do limite de 0,6 g/l.
As reações provocadas no organismo humano pela ingestão do álcool entre outras drogas são, de fato, uma ameaça ao motorista.
O sistema nervoso cerebral é completamente alterado a partir da ingestão dessas substâncias, em doses razoáveis.
A principal consequência é a perda total ou parcial dos reflexos, comprometendo a capacidade dos motoristas de conduzir com segurança qualquer veículo em via pública.
A primeira reação do organismo à bebida alcoólica é de euforia, desinibição e autoconfiança.
Esse estado de espírito é decorrente da liberação de mediadores neurais, substâncias produzidas pelo próprio organismo, e que causam desequilíbrio ao sistema nervoso cerebral.
Essa primeira fase dura pouco, no máximo uma hora. No entanto, é seguida de depressão, com diminuição da capacidade física, motora e mental, o que compromete a atenção e o estado de alerta necessários à segurança no trânsito.
Drogas
As outras drogas, como cocaína, crack, anfetaminas e tranquilizantes, também provocam algumas reações no organismo, que somadas aos efeitos do álcool se tornam mais graves.
O uso da cocaína, por exemplo, produz uma sensação de grandeza e aumenta a sensibilidade a estímulos externos, distorcendo a noção da realidade.
As anfetaminas têm efeito parecido e por isso são utilizadas por motoristas de caminhão, apesar dos grandes riscos que oferecem aos que querem se manter acordados para fazer longos percursos. É o chamado “rebite”.
Quanto à maconha, seu principal efeito é a perda do senso de realidade. A maconha reduz a capacidade de dirigir por até oito horas após o uso.
Todos esses efeitos são de alta periculosidade, principalmente no trânsito. Nesses casos, os acidentes costumam ser graves: 63,6% de capotamentos e 71,1% de choques.
A pesquisa mostrou que grande parte das vítimas da cocaína e da maconha no trânsito é formada por jovens de 20 a 39 anos. E, o mais grave, que os adolescentes de 13 a 17 anos constituem o segundo grupo de maior consumo dessas drogas.
Entre os menores de 20 anos, foi constatada a presença de maconha na urina de 7,8% dos acidentados, de cocaína em 1,9% e de diazepínicos (tranquilizantes) em 4,5%. Outro dado importante é que os jovens fazem tanto uso dos barbitúricos (hipnóticos e tranquilizantes) quanto os adultos. De 0 a 19 anos, a incidência é de 1,9%, de 20 a 39 anos chega a 1,4%, e de 40 a 59 anos é de 1,7%.