A CNN Brasil publicou, no dia 22 de maio de 2020, uma matéria que dizia:
“Se fossem um estado avulso, as favelas do Rio estariam na 14ª posição na lista dos que mais registraram mortes pela Covid-19 no País: somam um total de 176 óbitos confirmados até esta quinta-feira (21), segundo levantamento da ONG Voz das Comunidades.
As comunidades – que, segundo o Censo 2010 do IBGE, somam 1,4 milhão de pessoas – ficariam à frente, por exemplo, de estados populosos como Rio Grande do Sul e Paraná, com mais de 10 milhões de habitantes.
A favela mais afetada é a Rocinha, na zona sul, com 49 mortes – mais que o dobro da Maré, na zona norte, que registra 23 óbitos e aparece em segundo na lista.
Os números superlativos nas comunidades da capital também ficam claros quando comparados com municípios vizinhos. Com população de quase 1 milhão de pessoas, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a cidade fluminense mais afetada pelo coronavírus depois do Rio. E tem menos mortes que as favelas: 167.
Em meio a esse cenário, as comunidades ainda enfrentam outro problema antigo: as operações policiais de combate ao tráfico. Mesmo com a pandemia, o Complexo do Alemão, na zona norte, passou por uma delas na semana passada. O resultado foram 13 mortes – a favela tem 14 óbitos por Covid-19.”
Com pouca informação, vivendo em ambientes superlotados e sem condições de seguir recomendações como comprar álcool em gel, estocar comida ou trabalhar de casa, os moradores das favelas serão as principais vítimas do novo coronavírus no Brasil.
Os dados das unidades de saúde e os levantamentos comunitários revelam que os órgãos de governo não estão se preocupando em contabilizar casos em favelas. Minimizar o problema é uma forma de não reconhecer a necessidade de políticas públicas firmes e específicas para lidar com a situação nas favelas do Brasil, como um todo.
Na verdade, a pandemia apenas lançou uma luz e intensificou os problemas que os moradores das favelas já sofrem no dia a dia.
Dez em cada dez infectologistas do planeta dizem que uma ação básica para reduzir a contaminação pelo coronavírus é evitar as aglomerações. Agora, o que acontece quando você passa 365 dias por ano vivendo no meio de uma aglomeração, com condições mínimas de habitação, saneamento e saúde? É essa a realidade de favelas do Rio de Janeiro e de outros estados.
Junte um aglomerado desses com um vírus novo altamente contagioso que vem se propagando rapidamente. O que pode acontecer? Isto vira uma bomba-relógio que precisa ser desarmada com a maior rapidez.
As medidas de precaução e controle do coronavírus recomendadas a toda a população não são acessíveis a essas populações que vivem nas favelas do Rio de Janeiro, por exemplo. Limpar as mãos com álcool gel, usar lenço de papel, utilizar máscaras, isolar os doentes em um dos cômodos da casa… Como fazer quarentena em casas que possuem apenas um cômodo, com vários moradores vivendo ali e onde muitas vezes não há sequer um banheiro?
Muitas comunidades sofrem com a falta d’água e, quando tem água não tem saneamento básico e a água torna-se imprópria para o uso doméstico, causando outras doenças.
Aliás, nessas comunidades existe uma lista de outras doenças que causam muitos estragos na favela e nos mostram o quanto seus moradores estão expostos ao novo vírus: tuberculose, diarreia, pneumonia, dengue, desnutrição, leptospirose e outras.
Entre moradores desprotegidos, podemos ver a ausência do Estado e a onipresença do tráfico…
Pessoas morrem dentro de seus barracos por medo de enfrentar os hospitais superlotados…
Como ficar em casa sem ser demitido ou sem ter como garantir a manutenção da renda? Até evitar a proliferação do vírus é um privilégio ao qual os moradores das favelas não têm acesso!
Como cuidar dos filhos que estão sem aula? Muitas pessoas precisam sair de seus empregos para isso. E como garantir as refeições a eles que, antes, eram realizadas nas escolas? Sem emprego… sem renda…
É por tudo isso que é um erro dizer que a pandemia do coronavírus é democrática. As diversas violências como a falta de acesso a atendimento médico, leitos com respiradores, testes para diagnóstico, renda básica para alimentação, água potável, saneamento básico e até moradia, além da violência armada, comprometem nas favelas a prevenção à Covid-19, além da recuperação e tratamento de pessoas infectadas, podendo causar mais óbitos.
Para falar sobre a realidade das favelas no Rio de Janeiro, o tráfico e a pandemia, o Freemind e o Capítulo Nacional da ISSUP Brasil irão conversar com Sebastião Dias de Oliveira*, líder comunitário e fundador da Associação Miratus de Badminton, que é uma entidade não governamental sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento social por meio da educação e do esporte.
Você não pode perder a próxima Live com Especialistas, no dia 26 de maio de 2020, a partir das 19 horas, no instagram do Freemind:
www.instagram.com.br/espiritofreemind
Ajude-nos a divulgar. Esperamos por você.
*Sebastião Dias de Oliveira é Profissional de Educação Física, Fundador do Projeto Social Miratus de Badminton – Rio de Janeiro. Já atuou como técnico de desenvolvimento da Confederação Brasileira de Badminton – Núcleo Rio; coordenador de desenvolvimento da Federação de Badminton do Estado do Rio de Janeiro; técnico da equipe Miratus de Badminton; coordenador técnico de Badminton da Fundação CSN, do Colégio Pedro II e da equipe de Badminton da Associação Atlética Tijuca.