Live com Thiago Brentano – Isolamento Social: Desafios da Educação Escolar em Casa

Se alguém tivesse previsto que no ano de 2020 ficaríamos todos confinados em nossas casas, sem poder frequentar escolas, escritórios, parques e shoppings para combater um inimigo invisível, ninguém acreditaria. No entanto, essa é a realidade que o Brasil e o restante do mundo está vivendo.

Mais de 1,5 bilhões de estudantes foram afetados com o fechamento das escolas em 191 países e regiões, segundo um mapeamento (1) realizado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

No Brasil, muitas redes de ensino já suspenderam as aulas e estão lançando mão de soluções de recursos digitais de aprendizagem, inspiradas na modalidade Educação a Distância (EaD). Mas estratégias de ensino remoto, por mais importantes que sejam no atual contexto, têm limitações e não atendem a todas as crianças e jovens brasileiros da mesma maneira.

Frente a um cenário sem precedentes e que tem exigido do poder público educacional tomadas de decisões rápidas sobre questões inéditas e altamente complexas, é importante reconhecer que o momento é de excepcionalidade.

As estratégias de ensino a distância devem cumprir papel importante para a redução dos efeitos negativos do distanciamento temporário, mas as evidências indicam que lacunas de diversas naturezas serão criadas. Também é preciso que as redes de ensino já comecem a planejar um conjunto robusto de ações para o retorno às aulas.

Para enfrentar o risco da ampliação de desigualdades, ao lançar mão de estratégias de ensino a distância, é preciso entender que a disposição de recursos tecnológicos é heterogênea entre os alunos e que aqueles que já têm desempenho acadêmico melhor tendem a se beneficiar mais das soluções tecnológicas.

Segundo dados divulgados pela Teacher Task Force (2), uma aliança internacional coordenada pela UNESCO, mais de 800 milhões de estudantes que estão com aulas suspensas não contam com um computador em casa, enquanto 43% do total de alunos não têm acesso à internet. Por isso, entender a multiplicidade de formatos sob os quais os conteúdos podem ser oferecidos é uma forma de considerar as diferentes realidades socioeconômicas dos alunos no Brasil.

Além disso, o ensino remoto não deve se resumir a plataformas de aulas online, apenas com vídeos, apresentações e materiais de leitura. É possível (e fundamental!) diversificar as experiências de aprendizagem, que podem, inclusive, apoiar na criação de uma rotina positiva que oferece a crianças e jovens alguma estabilidade frente ao cenário de muitas mudanças.

A participação das famílias sempre foi peça essencial na engrenagem de uma boa gestão educacional. No momento em que as atividades presenciais estão suspensas, ela se torna ainda mais importante. Essas famílias precisam também ser apoiadas em suas necessidades para que consigam dar o melhor apoio aos estudantes – na medida do possível e considerando suas vulnerabilidades.

Além da preocupação com a aprendizagem dos conteúdos curriculares à distância, é preciso atentar-se ao bem-estar, saúde mental e equilíbrio emocional dos estudantes, fatores que nunca devem ser colocados em segundo plano, uma vez que alunos com questões socioemocionais têm mais dificuldades na aprendizagem e, por isso, o momento atual eleva os riscos de evasão, por exemplo, especialmente entre jovens mais vulneráveis.

Todos estão com o estresse muito elevado e passando por situações que nunca antes vividas e a população mais vulnerável sofre muito mais. As questões econômicas pesam muito. Existem também as questões de perda de familiares e amigos pela Covid-19 e violência doméstica decorrente da elevação do consumo de álcool, tabaco e outras drogas, aumentando em patamares como nunca vistos antes. São muitos os aspectos a serem cuidados em relação a esses jovens, que precisam se sentir apoiados e conectados com a escola, especialmente neste momento.

Os educadores também estão sobre forte pressão e tensão. A insegurança gerada entre o corpo docente pode ser dividida em fases. A inquietação dos professores com questões mais técnicas, como, por exemplo, dar aula online, gravar vídeos e como os alunos irão acessar o material em casos em que não contam tecnologia em casa, soma-se a uma preocupação com a participação dos estudantes. O segundo desafio é o do engajamento, do contato com os alunos, de entender se as aulas estão fazendo sentido, de saber se os alunos de fato estão aprendendo, se interessando pelas aulas, se estão conseguindo administrar as tarefas em casa. Esse segundo nível diz respeito à qualidade das atividades.

O coronavírus impactou a educação, no geral. Nesse sentido, cabe a pergunta: o que poderemos mobilizar dessa experiência para projetarmos futuras transformações da escola? Alguns já assinalam a perda de qualidade do ensino ministrado virtualmente, já apontam o risco de se transformar a educação presencial em ensino a distância, demonstrando preocupação quanto à reposição presencial das aulas perdidas. Outros procuram visualizar qual é a potência do que vem acontecendo; ou seja, quais lições poderemos tirar desse tempo em que a escola não estava à nossa frente?

Para discutir esses e outros assuntos, nossa Live com Especialistas trará no dia 19 de maio, a partir das 19h00, Thiago Brentano.

Thiago Brentano é graduado em Gestão – Empreendedorismo e Sucessão, com MBA em Administração e Gerneciamento de Negócios na FGV, MBA em Administração e Gerenciamento de Negócios na Hult International Business School e MBA em Educação Executiva – Gestão Estratégica de Marketing SMM na Harvard Business School.

Na SOMOS Educação S/A* é o atual Diretor de Unidade de Negócios,que fornece soluções de ponta em educação para as melhores escolas particulares do país e atual Diretor da Unidade de Negócios de Carga – Mercado Público, que constrói, vende e entrega as melhores soluções em educação para escolas públicas, instituições sociais e governos.

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É hora de focar em amenizar os danos no curto prazo, mas sem perder de vista que é no planejamento da volta às aulas que reside a chance de, efetivamente, enfrentarmos o desafio que se impõe.

(1) https://en.unesco.org/covid19/educationresponse

(2) https://en.unesco.org/news/startling-digital-divides-distance-learning-emerge

Outras fontes:

https://gife.org.br/planejamento-conectividade-e-tecnologia-quais-sao-os-principais-desafios-da-educacao-em-tempos-de-pandemia/

https://jornal.usp.br/artigos/a-educacao-e-a-escola-em-tempos-de-coronavirus/

https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/Educacao-na-pandemia-Ensino-a-distancia-da-importante-solucao-emergencial_-mas-resposta-a-altura-exige-plano-para-volta-as-aulas

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