O médico e psiquiatra Dr. Mariano Montenegro, Diretor Plano Colombo para a América Latina e o Caribe, é um especialista consagrado no Chile e conhecido por sua opinião contra a legalização da maconha e principalmente, contra a maconha medicinal. O médico faz parte do grupo de palestrantes internacionais que irão compartilhar seus conhecimentos no 5º Congresso Internacional Freemind 2018, que acontece entre os dias 19 a 22 de setembro, em Campos do Jordão.
Montenegro possui mestrado em dependência de substâncias e quase 20 anos de experiências em políticas públicas e tratamento clínico de pessoas com problemas de uso de drogas. Durante seus anos como estudante de medicina na Universidade do Chile, Mariano Montenegro conta que haviam mais alunos que não consumiam maconha do que aqueles que consumiam.
“Eles eram uma minoria. Eu tinha amigos que fumavam, mas muitos que não fumavam. Além disso, para estudar Medicina você tem que ser muito lúcido e a maconha gera alteração de concentração, memória e motivação. Então, em geral, aqueles que fumavam tinham um pouco mais de dificuldade. É por isso que a grande maioria, para estudar, se eximir e passar nos cursos, não o fez.
A questão das drogas veio em sua vida em meados dos anos 90, quando ele entrou no Hospital Psiquiátrico José Horvitz. “Lá cheguei a conhecer o fenômeno e as pessoas com problemas de drogas. E há uma enorme mitologia e preconceito naqueles que consomem, porque são pessoas hipersensíveis e muitas vezes têm que se drogar para poder tolerar alguma dor. Mas são pessoas extraordinárias quando você as reabilita”.
Mariano trabalhou como psiquiatra, foi consultor externo da OEA e treinou equipes de reabilitação no Sename, nos serviços de saúde e nas prisões de Rancagua e Antofagasta. Foi o que ele foi quando se candidatou a Senda. Pouco antes de ele ter trabalhado no comando de Bachelet, na Nova Maioria eles sabiam sua posição sobre a maconha. Mariano rejeita até o uso medicinal da droga.
“Minha irmã convulsiona de duas a três vezes por dia. E ela tem 48 anos, portanto, cresci com essa enorme dor. Ela teve dentes quebrados e seu rosto foi atingido. Mas estou longe de usar algo que a evidência científica não apoia, porque pode prejudicá-la ainda mais”.
Mas o que o médico pensa das famílias de pacientes que alegam ter diminuído seus sintomas de doenças com o uso da maconha? “Quando há desespero terapêutico, as pessoas querem acessar tudo o que pode ajudar, porque a ciência ainda não ajuda o suficiente. Portanto, é um a maconha medicinal é um terreno muito fértil para qualquer iniciativa que me prometa diminuir a dor que eu sinto. Mas a evidência científica diz que há um placebo de 30% quando um novo medicamento está sendo testado. E muitas vezes, as pessoas passam por um efeito de lua de mel. No entanto, essa evidência ainda não existe com canabinóides e epilepsia refratária”, comenta.
Montenegro afirma isso mesmo com depoimentos positivos. “Mas se você seguir isso, em um ou dois anos mais você pode perceber que o efeito não está mais lá. Alguns estudos de acompanhamento foram realizados com até dez pacientes e houve morte ou agravamento. Mas isso nunca é dito. Agora, se o Ministério da Saúde me diz que estes canabinóides produzem poucos danos e pode ser usado para reduzir apreensões de minha irmã, é claro já ser hora de usar. Mas quando você tem uma garantia do Estado e não de um grupo de interesse”, comenta.
5º Congresso Internacional Freemind 2018
Mariano Montenegro irá trazer para o Brasil todo seu conhecimento em detalhes sobre a maconha medicinal ao lado de outros grandes especialistas no 5º Congresso Internacional Freemind 2018. O evento acontece entre os dias 19 a 22 de setembro em Campos do Jordão. Você vai perder? Inscreva-se já!