No Brasil, o consumo do álcool por pessoa foi de 8,9 litros em 2016, maior do que a média internacional, que chegou a 6,4 litros. É real que o álcool é uma droga lícita de fácil acesso e que seu consumo é estimulado no Brasil, mas isso vêm gerando consequências mundiais.
Todos os anos, o álcool mata ao todo cerca de 3,3 milhões de pessoas, número que representa 5,9% das mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em entrevista para o G1, o psiquiatra e coordenador do Centro de Referência em Drogas (CRR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Frederico Garcia, explicou que o álcool é uma doença do cérebro e que deixa várias marcas no organismo.
“A primeira marca está ligada com a liberação de dopamina, substância que dá a sensação de prazer. Ou seja, com o passar do tempo, o cérebro passa a associar os bons momentos com a bebida e, a partir daí, o sujeito entende que só dá para ter prazer com o consumo da substância”, disse.
As consequências graves, podem ser irreversíveis. O médico explica que o álcool é convertido no fígado para uma substância chamada aldeído. Essa substância tóxica é a responsável por problemas de saúde provocados pelo álcool, como a cirrose.
O alerta dos perigos do consumo do álcool ainda é uma grande dificuldade no Brasil. A bebida é socialmente aceita e muitas vezes incentivada, dificultando o entendimento da dependência para quem realmente precisa de ajuda. Entre as pessoas que experimentam uma droga, cerca de 10 a 15% ficarão dependentes, de acordo com Frederico Garcia, ou seja, não é a maioria. Mas é preciso tratar a situação como um problema de saúde e que precisa ser solucionado.
Além da dependência, que gera danos graves para o usuário, o álcool é associado a mais de 130 doenças, e é um fator de risco importante para doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, câncer.
As consequências, são graves para todas as faixas etárias. Veja abaixo os efeitos do álcool em crianças e adolescentes, mulheres e idosos, segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool:
Crianças e Adolescentes:
-Consumo antes dos 16 anos aumenta significativamente o risco de beber em excesso na idade adulta;
-Sequelas neuroquímicas, emocionais, déficit de memória, perda de rendimento escolar, retardo no aprendizado e no desenvolvimento de habilidades, entre outros problemas;
-Maior exposição a situações de violência sexual;
-O alcoolismo entre 12 e 19 anos também eleva a chance de envolvimento acidentes de trânsito, homicídios, suicídios e incidentes com armas de fogo.
Mulheres:
-Mais vulneráveis aos efeitos do álcool devido a diferenças na composição biológica entre os gêneros;
-Maior chance de ter problemas relacionados ao álcool com níveis de consumo mais baixos e/ou em idade mais precoce do que os homens;
-Aumento do câncer de mama e de ovário.
Idosos
-Apresentam quadros de depressão, irritabilidade, confusão mental;
-Sofrem deficiências nutricionais associadas ao uso crônico de álcool, que pode levar a quadros neurológicos e demenciais;
-Maior risco de problemas cardiovasculares;
-A ingestão de álcool em idosos pode provocar efeitos mais acentuados se comparado aos jovens de mesmo sexo e peso.