No momento em que a indústria do tabaco tenta reverter a proibição da venda de cigarro eletrônico no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisa agir com a máxima cautela. Principalmente depois do surgimento de centenas de casos de doenças pulmonares graves em jovens nos Estados Unidos (com seis mortes até o dia 18 de setembro de 2019), relacionadas ao uso de vaporizadores com sabor.
“Cigarro eletrônico é propaganda enganosa que já ameaça os adolescentes no Brasil”, diz o médico João Paulo Lotufo, especialista em pneumologia pediátrica. Médico assistente do Hospital Universitário da USP e representante da Sociedade Brasileira de Pediatria para assuntos de álcool e drogas, Lotufo criou o personagem Dr. Bartô para disseminar informação sobre os riscos do cigarro eletrônico e outras drogas.
Dr. Lofuto, palestrante e colaborador do 6º Congresso Internacional Freemind, concedeu uma entrevista ao blog VivaBem (Uol):
VivaBem: Como o cigarro eletrônico evoluiu nos últimos anos?
Lotufo: O cigarro eletrônico já está na quarta geração. O primeiro era uma canetinha com uma ampola de nicotina líquida, um chip e uma pilha. Ele foi lançado mais ou menos na mesma época em que se proibiu o fumo em ambientes fechados. Ele seria uma alternativa para quem quisesse fumar nos locais onde o cigarro normal era proibido. Depois foram aperfeiçoando até chegar aos vaporizadores (ou vapers). Essa é uma tática interessante da indústria do tabaco. Hoje ela diz que a pessoa não fuma, ela vaporiza. Há um aquecedor do líquido que está lá dentro. Esse líquido tem nicotina, vários sabores e outras substâncias também, como o glicerol.
VivaBem: Em que momento surge essa ideia de vaporizar?
Lotufo: Isso aparece quando há uma redução do consumo de tabaco, principalmente no Ocidente. Foi quando a indústria decidiu lançar esses produtos com o discurso de que eles causariam menos mal do que o cigarro comum. Esse argumento não se sustenta. Basta ver o que está acontecendo nos Estados Unidos, onde houve uma epidemia de uso de vapers, principalmente do Juul. O produto tem uma alta concentração de nicotina. Com isso, ele vicia mais. O que vicia é a nicotina. Isso foi lançado como sendo uma redução de danos para os indivíduos que fumam e não conseguem parar de fumar. É propaganda enganosa. Segundo alguns estudos, os jovens que usam o cigarro eletrônico passam a fumar o cigarro convencional em poucos meses. E também cigarro de maconha. Nesses vapers, a pessoa pode colocar um monte de coisas. Há os aditivos, que podemos chamar de perfumarias.
Veja a entrevista completa no link https://bit.ly/2q4OBFZ