Quando pensamos em falar sobre prevenção ao uso de drogas, o primeiro pensamento que pode nos vir a mente é de que abordemos as pessoas mostrando-as como as drogas são prejudiciais à saúde, que podem destruir sua família e até mesmo levar à sua morte.
Todas essas constatações não deixam de ser verdadeiras, mas esse tipo de abordagem, especialmente com os jovens, que talvez estejam se iniciando no uso de alguma droga, lícita ou ilícita, e que não sofreram ainda nenhum prejuízo perceptível em suas vidas, tendem a ser ineficazes.
Fatores de risco e de proteção
Os fatores de risco e proteção ao uso de drogas estão presentes em todas as esferas da sociedade e por isso devemos ter sempre em mente que os fatores de risco devem ser minimizados ao máximo e os fatores de proteção devem ser reforçados ao máximo, levando-se em conta que esses fatores são intrínsecos tanto ao problema, como na busca de soluções para o crescente aumento do uso de drogas em nossa sociedade.
Existem fatores de risco para o início do uso de drogas como os relacionados ao ambiente familiar, à falta de vínculos afetivos, à dificuldade para resistir à oferta de drogas, ao uso de drogas tolerado pelo ambiente que o circunda, à falta de regras clara sobre o uso, entre outros, sendo que o foco em relação aos fatores de risco deve ser o de minimizar ao máximo a exposição de nossas crianças e jovens a eles.
Quanto aos fatores protetivos, estes estão diretamente ligados à promoção da saúde como um todo: física, emocional, espiritual.
Ações de prevenção ao uso de droga
A prevenção ao uso de drogas deve ser abordada nos mais diferentes campos da sociedade: família, escola e comunidade em geral pois devemos levar em consideração que o uso de drogas é um problema pessoal, social, cultural, entre tantos que permeiam esse tema. Devemos incentivar a prática de esportes, a procura por uma alimentação mais saudável e outras iniciativas que promovam a saúde, pois esses hábitos de vida saudáveis são promotores da saúde (fatores protetivos) e, consequentemente, afastam as pessoas da busca pelas drogas.
A promoção da saúde é o caminho mais eficiente para que possamos minimizar ou retardar o uso de drogas pelos nossos jovens. Minimizar, para que os números crescentes de problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas seja estagnado e posteriormente diminuídos e retardar, pois quanto mais tarde é o contato da pessoa com as drogas, menores são as chances de que a dependência química seja estabelecida.
Princípios norteadores para o desenvolvimento de ações preventivas
Pensando em relação a ações que promovam a saúde, o Ministério da Saúde estabeleceu princípios norteadores para o desenvolvimento dessas ações.
O primeiro passo seria a realização de um diagnóstico da situação do uso de drogas na comunidade-alvo para que se possa ter uma visão ampla e profunda das especificidades que devam ser enfrentadas em busca da minimização dos problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.
Os problemas relacionados à drogadição são de aspecto amplo, envolvendo os aspectos biopsicossocioculturais dos indivíduos, direcionando-os para ações que permeiam o bem-estar do indivíduo e da comunidade como um todo.
As drogas não representam a única ameaça às nossas crianças e jovens e, sim, um dos fatores que podem prejudicar sua formação como indivíduos e, consequentemente, influenciar negativamente nossa sociedade.
Implementação de ações de promoção à saúde baseadas em evidências:
- A ação junto ao público-alvo não pode ser pautada por ações esporádicas, pontuais e estranhas à comunidade escolar, devendo ser incorporadas ao currículo escolar e serem pautadas por ações que levem em conta a participação de toda a comunidade;
- As ações com caráter de amedrontar o público-alvo devem ser sistematicamente evitadas para que a adesão ao programa de promoção à saúde seja o maior possível;
- Para que se possa atingir os objetivos propostos é necessário que haja uma valorização do corpo docente para que ele se sinta estimulado a participar ativamente do processo;
- Muitos dos modelos de prevenção utilizados não levam em conta evidências científicas em sua implementação, o que, muito possivelmente, levará à não obtenção dos resultados esperados.
Abordagens relacionadas à prevenção do uso de drogas
- Enfoque do princípio moral: pouca efetividade;
- Amedrontamento: pouca efetividade;
- Conhecimento científico: em oposição ao amedrontamento, transmite informações de forma imparcial, baseadas em evidências científicas;
- Educação afetiva: desenvolver habilidades variadas que capacitem os envolvidos a responderem assertivamente às dificuldades que se apresentem;
- Pressão positiva do grupo: mobilização de líderes naturais entre os jovens para que atuem junto aos seus pares, visando a promoção da saúde e, consequentemente, a desestimulação do uso de drogas;
- Qualidade de vida: promoção de estilos de vida saudáveis, visando a minimização da busca pelas drogas.
Deve-se, em complemento, haver discussão sobre temas mais gerais, como: poluição, trânsito e outros que façam parte da realidade dos envolvidos, para que seja incutido no dia a dia da comunidade a capacidade de discussão de ações que possam levar a melhorias em sua realidade.
Algumas considerações
A abordagem da promoção da saúde deve ser bem estruturada, baseada em evidências científicas e deve ter como objetivo final que os indivíduos adquiram habilidades para enfrentarem com discernimento as dificuldades que porventura se apresentem.
Fonte: https://www.scielo.br/j/csc/a/F9MfYw8gQZkPVjSYpWw54Zh/?lang=pt