As drogas sint\u00e9ticas existem h\u00e1 anos.\u00a0Tamb\u00e9m conhecidas como \u201ccanabinoides sint\u00e9ticos\u201d, o termo abrange uma gama de produtos qu\u00edmicos que alteram a mente que est\u00e3o em constante evolu\u00e7\u00e3o e s\u00e3o comercializados de maneiras extremamente divergentes, \u00e0s vezes como substitutos da maconha nas ruas e como incenso em lojas de conveni\u00eancia.<\/p>\n
A verdade sobre as drogas sint\u00e9ticas, segundo autoridades policiais e cientistas, \u00e9 que o perigo reside no mist\u00e9rio.\u00a0\u201cDrogas sint\u00e9ticas\u201d n\u00e3o se referem a uma \u00fanica subst\u00e2ncia, mas a uma multiplicidade de combina\u00e7\u00f5es preparadas em laborat\u00f3rios que, segundo investigadores federais, est\u00e3o localizados principalmente na China.<\/p>\n
Os ingredientes ativos est\u00e3o mudando tanto de forma – a Ag\u00eancia Antidrogas dos Estados Unidos rastreou mais de 300 itera\u00e7\u00f5es em menos de uma d\u00e9cada – que ningu\u00e9m pode dizer com certeza que efeito eles t\u00eam nos usu\u00e1rios ou nas pessoas ao seu redor.<\/p>\n
No entanto, h\u00e1 uma sensa\u00e7\u00e3o crescente de que esses efeitos est\u00e3o piorando, porque policiais, param\u00e9dicos e at\u00e9 usu\u00e1rios dizem que as drogas sint\u00e9ticas est\u00e3o se tornando mais prevalentes, causando mais overdoses e levando a mais viol\u00eancia.<\/p>\n
O objetivo de alguns cientistas que geraram canabinoides sint\u00e9ticos ao longo dos anos, n\u00e3o era criar drogas recreativas.\u00a0Era estudar os efeitos da cannabis no corpo e como o sistema canabinoide funciona, bem como desenvolver mol\u00e9culas para \u00e1reas de imagem do c\u00e9rebro.<\/p>\n
\u201cA qu\u00edmica para fazer essas coisas \u00e9 muito simples e muito antiga\u201d, disse John Huffman, qu\u00edmico do Clemson University ao\u00a0The Washington Post<\/em><\/a>\u00a0em 2015. \u201cVoc\u00ea s\u00f3 tem tr\u00eas materiais iniciais e apenas duas etapas.\u00a0Em poucos dias, voc\u00ea pode produzir 25 gramas, o que pode ser suficiente para causar estragos.\u201d<\/p>\n Huffman foi o respons\u00e1vel pela cria\u00e7\u00e3o do JWH-18, um canabinoide sint\u00e9tico com as suas iniciais que ele havia criado no laborat\u00f3rio em 2004 e descrito em um artigo cient\u00edfico em 2005. O composto\u00a0estava<\/a> dispon\u00edvel como incenso, que, em vez de ser queimado pelo seu cheiro, estava sendo fumado e estava deixando as pessoas doentes, o que chamou a aten\u00e7\u00e3o das ag\u00eancias federais norte-americanas h\u00e1 pouco mais de uma d\u00e9cada atr\u00e1s.<\/p>\n E estragos t\u00eam sido enormes.\u00a0O n\u00famero de atendimentos de emerg\u00eancia como resultado do consumo de canabinoides sint\u00e9ticos, muitas vezes misturados com outras drogas, \u00e9 de milhares anualmente, e os centros de controle de envenenamento viram um aumento nas\u00a0liga\u00e7\u00f5es sobre os compostos<\/a>\u00a0nos \u00faltimos anos, com quase 8.000 em 2015.<\/p>\n Chamado K2 ou Spice, esses compostos sint\u00e9ticos come\u00e7aram a adoecer os americanos em 2008, com doen\u00e7as relatadas na Europa antes que as drogas chegassem aos EUA.<\/p>\n Em 2011, a DEA tornou ilegal a venda de JWH-018 e quatro compostos ou produtos relacionados que os continham, mas isso n\u00e3o impediu que novos canabinoides sint\u00e9ticos surgissem no mercado de drogas ilegais e levassem a overdoses com risco de vida.<\/p>\n Os canabinoides sint\u00e9ticos n\u00e3o s\u00e3o as primeiras subst\u00e2ncias inventadas em laborat\u00f3rio e depois sequestradas para uso il\u00edcito.\u00a0O mesmo aconteceu com o ecstasy, tamb\u00e9m chamado de MDMA, e o LSD.<\/p>\n A diferen\u00e7a \u00e9 que a estrutura do sistema canabinoide o torna receptivo a um conjunto diversificado de compostos, tornando-o um alvo mais f\u00e1cil para uma s\u00e9rie de drogas sint\u00e9ticas em compara\u00e7\u00e3o com outros sistemas.<\/p>\n Isso significa que os qu\u00edmicos que estudam canabinoides se tornaram participantes involunt\u00e1rios de uma crescente epidemia de drogas canabinoides sint\u00e9ticas sem sinais de parada.<\/p>\n Os primeiros cientistas a estudar a cannabis e criar canabinoides sint\u00e9ticos na d\u00e9cada de 1940 n\u00e3o tinham ideia de que existiam receptores de canabinoides, nem sabiam como os fitoqu\u00edmicos da maconha interagiam com outras mol\u00e9culas no corpo.<\/p>\n Roger Adams, do Noyes Chemical Laboratory e Alexander Todd, da Universidade de Manchester foram os primeiros a produzir mol\u00e9culas sint\u00e9ticas que imitavam os efeitos da cannabis e a mostrar que os compostos que produziam podiam ter efeitos fisiol\u00f3gicos ainda maiores que os da maconha.<\/p>\n Ent\u00e3o, nas d\u00e9cadas de 1960 e 1970,\u00a0\u00a0Raphael Mechoulam, um qu\u00edmico da Universidade Hebraica de Israel, isolou o THC, o ingrediente ativo da maconha.\u00a0Ele e outros posteriormente come\u00e7aram a fazer compostos sint\u00e9ticos com base na estrutura do THC.<\/p>\n Ao mesmo tempo, cientistas de empresas farmac\u00eauticas, como a Eli Lilly e Pfizer, come\u00e7aram a usar os dados desses pesquisadores e a fazer seus pr\u00f3prios experimentos para tentar fabricar rem\u00e9dios para dor n\u00e3o baseados em opioides.<\/p>\n O National Institute on Drug Abuse organizou uma reuni\u00e3o em 1986 de muitos dos principais pesquisadores de canabinoides da \u00e9poca para discutir o que era conhecido e ainda desconhecido sobre o THC e seus an\u00e1logos.<\/p>\n N\u00e3o muito tempo depois, alguns dos cientistas da reuni\u00e3o,\u00a0identificaram<\/a>\u00a0independentemente a\u00a0estrutura<\/a>\u00a0de um\u00a0receptor de c\u00e9lulas nervosas<\/a>, agora chamado CB1, que respondeu ao THC.\u00a0Foi o primeiro receptor canabinoide a ser documentado.<\/p>\n Alguns anos depois, outros pesquisadores identificaram um\u00a0receptor canabinoide adicional<\/a>, o CB2, que \u00e9 bastante raro no c\u00e9rebro de mam\u00edferos, a menos que haja inflama\u00e7\u00e3o cerebral, neurodegenera\u00e7\u00e3o ou c\u00e2ncer.<\/p>\n Com informa\u00e7\u00f5es sobre os receptores de canabinoides em m\u00e3os, os cientistas correram para criar centenas de canabinoides sint\u00e9ticos, muitos de Huffman, para testar o sistema e ver como funcionava.<\/p>\n Os esfor\u00e7os para criar novos canabinoides sint\u00e9ticos ocorreram principalmente na d\u00e9cada de 1990 e no in\u00edcio dos anos 2000 \u2013 ao mesmo tempo em que o acesso \u00e0 Internet estava come\u00e7ando a se tornar popular e os pesquisadores come\u00e7aram a publicar seus resultados online.<\/p>\n Quando a pesquisa sobre canabinoides sint\u00e9ticos come\u00e7ou, muitas pessoas n\u00e3o tinham acesso aos peri\u00f3dicos de pesquisa com as estruturas qu\u00edmicas dos compostos. \u00c0 medida que os peri\u00f3dicos se tornavam online, os qu\u00edmicos que procuravam produzir drogas il\u00edcitas podiam acessar n\u00e3o apenas os compostos qu\u00edmicos dos canabinoides sint\u00e9ticos, mas tamb\u00e9m os dados sobre sua pot\u00eancia.<\/p>\n Na verdade, compostos como o de Huffman podem ter sido sequestrados primeiro porque ele relatou tanto a f\u00f3rmula qu\u00edmica quanto a pot\u00eancia juntas em revistas acad\u00eamicas.<\/p>\n Por outro lado, muitos dos compostos das empresas farmac\u00eauticas foram patenteados e as patentes provavelmente n\u00e3o continham informa\u00e7\u00f5es sobre os efeitos fisiol\u00f3gicos dos compostos.<\/p>\n \u201cEsses qu\u00edmicos desonestos estavam tirando as receitas desses canabinoides sint\u00e9ticos diretamente dos jornais\u201d, diz\u00a0Barbara Carreno, uma oficial de rela\u00e7\u00f5es p\u00fablicas da DEA.<\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Os produtos canabinoides sint\u00e9ticos s\u00e3o frequentemente rotulados como “n\u00e3o para consumo humano”.\u00a0Os r\u00f3tulos tamb\u00e9m costumam afirmar que cont\u00eam material natural retirado de uma variedade de plantas.<\/p>\n No entanto, as \u00fanicas partes desses produtos que s\u00e3o naturais s\u00e3o os materiais vegetais secos.\u00a0Testes qu\u00edmicos mostram que os ingredientes ativos que alteram a mente s\u00e3o compostos canabinoides produzidos em laborat\u00f3rios.<\/p>\n Os fabricantes vendem esses produtos em embalagens coloridas e garrafas pl\u00e1sticas para atrair os consumidores.\u00a0Eles comercializam esses produtos sob uma ampla variedade de nomes de marcas espec\u00edficas.<\/p>\n Durante v\u00e1rios anos nos Estados Unidos e em outros lugares, as misturas de canabinoides sint\u00e9ticos foram f\u00e1ceis de comprar em lojas de apetrechos para drogas, lojas de novidades, postos de gasolina e pela Internet.\u00a0Como os produtos qu\u00edmicos usados \u200b\u200bneles n\u00e3o t\u00eam nenhum benef\u00edcio m\u00e9dico e um alto potencial de abuso, as autoridades tornaram ilegal a venda, compra ou posse de alguns desses produtos qu\u00edmicos.\u00a0No entanto, os fabricantes tentam contornar essas leis alterando as f\u00f3rmulas qu\u00edmicas de suas misturas.<\/p>\n O f\u00e1cil acesso e a cren\u00e7a de que os produtos canabinoides sint\u00e9ticos s\u00e3o naturais e, portanto, inofensivos, provavelmente contribu\u00edram para seu uso entre os jovens.\u00a0Outra raz\u00e3o para seu uso cont\u00ednuo \u00e9 que os testes padr\u00e3o de drogas n\u00e3o podem detectar facilmente muitos dos produtos qu\u00edmicos usados \u200b\u200bnesses produtos.<\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n A maneira mais comum de usar canabinoides sint\u00e9ticos \u00e9 fumar o material vegetal seco.\u00a0Os usu\u00e1rios tamb\u00e9m misturam o material vegetal pulverizado com maconha ou o preparam como ch\u00e1.\u00a0Outros usu\u00e1rios compram produtos canabinoides sint\u00e9ticos como l\u00edquidos para vaporizar em cigarros eletr\u00f4nicos.<\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Resumindo \u2013 Sim!<\/strong><\/p>\n Embora os canabinoides sint\u00e9ticos possam produzir alguns efeitos semelhantes aos da cannabis, como relaxamento, euforia e perda de coordena\u00e7\u00e3o e aten\u00e7\u00e3o,\u00a0eles afetam os receptores canabinoides em nosso c\u00e9rebro com uma for\u00e7a muito maior do que o THC da cannabis.\u00a0Isso os torna mais potentes e mais capazes de produzir fortes efeitos em nosso estado mental e f\u00edsico.<\/p>\n E muitas vezes existem muitos tipos diferentes de canabinoides sint\u00e9ticos (mesmo em um lote) \u2013 cada pacote ou produto provavelmente \u00e9 \u00fanico, contendo uma variedade de produtos qu\u00edmicos fortes com efeitos imprevis\u00edveis.<\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Alguns desses efeitos colaterais (como ansiedade, paranoia, psicose) podem ocorrer com o uso de cannabis, mas isso \u00e9 mais comum em pessoas que n\u00e3o usaram cannabis antes e em indiv\u00edduos vulner\u00e1veis \u200b\u200b(por exemplo, algu\u00e9m com uma condi\u00e7\u00e3o de sa\u00fade mental pr\u00e9-existente ou algu\u00e9m com hist\u00f3rico familiar de doen\u00e7a mental).<\/p>\n Outros efeitos colaterais de canabinoides sint\u00e9ticos, como batimentos card\u00edacos irregulares, derrame hemorr\u00e1gico, hipertermia e les\u00e3o renal aguda, s\u00e3o muito improv\u00e1veis \u200b\u200bde ocorrer com o uso de cannabis \u2013 mesmo depois de tomar uma grande quantidade.<\/p>\n Os efeitos dos canabinoides sint\u00e9ticos tamb\u00e9m desaparecem mais rapidamente do que a cannabis, o que pode fazer com que algu\u00e9m consuma mais da droga em r\u00e1pida sucess\u00e3o, levando a uma maior chance de efeitos negativos e depend\u00eancia.<\/p>\n H\u00e1 tamb\u00e9m evid\u00eancias crescentes de sintomas de abstin\u00eancia que s\u00e3o muito piores do que a cannabis.<\/p>\n O uso de canabinoides sint\u00e9ticos tamb\u00e9m pode produzir efeitos colaterais de longo prazo que s\u00e3o mais graves e duradouros do que a cannabis \u2013 incluindo condi\u00e7\u00f5es psiqui\u00e1tricas, problemas card\u00edacos graves e defici\u00eancias comportamentais e cognitivas.<\/p>\n Talvez a diferen\u00e7a mais gritante entre os canabinoides sint\u00e9ticos e a cannabis seja que nenhuma morte foi registrada devido \u00e0 toxicidade da cannabis, mas a toxicidade das drogas tem sido uma causa direta de morte em muitas fatalidades relacionadas aos canabinoides sint\u00e9ticos.<\/p>\n Isso ocorre principalmente porque os canabinoides sint\u00e9ticos podem ser 10 a 100 vezes mais potentes que a cannabis e podem causar eventos cardiovasculares agudos (ataques card\u00edacos, etc.).<\/p>\n Fontes: <\/strong>The Scientist<\/a>, Alcohol and Drug Fundation<\/a> e National Institute on Drug Abuse<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" As drogas sint\u00e9ticas existem h\u00e1 anos.\u00a0Tamb\u00e9m conhecidas como \u201ccanabinoides sint\u00e9ticos\u201d, o termo abrange uma gama de produtos qu\u00edmicos que alteram a mente que est\u00e3o em constante evolu\u00e7\u00e3o e s\u00e3o comercializados de maneiras extremamente divergentes, \u00e0s vezes como substitutos da maconha nas ruas e como incenso em lojas de 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Do laborat\u00f3rio para a rua<\/strong><\/h3>\n
Propaganda enganosa<\/strong><\/h3>\n
Como as pessoas usam canabinoides sint\u00e9ticos?<\/strong><\/h3>\n
Os canabinoides sint\u00e9ticos s\u00e3o mais prejudiciais do que a cannabis cultivada?<\/strong><\/h3>\n
Efeitos colaterais graves relatados incluem:<\/strong><\/h3>\n
Cora\u00e7\u00e3o<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
Pulm\u00f5es<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
Rins<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
C\u00e9rebro<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
Psicol\u00f3gico<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
Outro<\/em><\/strong><\/h4>\n
\n
Mortes por uso de canabinoides sint\u00e9ticos<\/strong><\/h3>\n